As águas velozes vão vociferando Cortando os sertões com força indomada De longe se vê uma cobra encantada Derrubando a mata e a gleba inundando Remansos bravios descem se formando Por entre as espumas, fazem rodopio Águas excitadas são fêmeas no cio Que beijam a terra e seduzem a gente De cima da ponte cantei meu repente Nos dez de galope da beira do rio
À noite um murmúrio vem das cachoeiras Os sapos cantando uma canção dolente Desce um pescador ligeiro e valente Vai se arriscando nas águas matreiras Os peixes graúdos descendo em fileiras Um pássaro entoa um canto sombrio Um velho do mato se esconde do frio Em cima da pedra acende a fogueira Lembra da mãe-d'água e sai na carreira Com medo dos entes da beira do rio
Eu ouço o barulho já de madrugada De cima pra baixo, nascente e foz A serpente d'água correndo veloz Deixando a cidade feliz e animada O povo saindo, invadindo a calçada Já comemorando o fim do estio O vento na ponte soprando tão frio Meninos brincando, pessoas contentes Encontro das águas e seus afluentes Nos dez de galope da beira do rio
Compositores: Edilberto Cipriano de Brito (Beto Brito), Jose Valni Cordeiro Lima Junior (Junior Cordeiro), Sara Gabriele Diniz Nobrega ECAD: Obra #43059725