Quando eu nasci o Estado já tinha um plano todo traçado Eu nasci, e eles já queriam ver meu corpo enterrado Me jogou na favela, sem canto, sem língua, me deixou sem memória Pois quem não sabe de onde vem Não cobra justiça a história
E eu vou buscar (Então vai, não desiste) O que é meu (Vai lá buscar o que é seu) O que eu meu Eu vou lutar Ahh
Um dia olhei pro espelho e vi toda a terra roubada Também vi caravelas chegando, criança gritando e sem entender nada Ouvi a reza da igreja que silenciava o grito da mata Ouvi meus ancestrais cantando Levanta que é retomada!
Filha de aldeia e quilombo Te querem é na margem Na beira de estrada Oh Brasil, cadê sua memória A pátria amada é terra roubada
E eu vou buscar (Tudo que é meu) O que é meu O que eu meu (Levanta!) Eu vou lutar (Levanta e vai lá buscar)
Diz que índio só anda pelado E vive da caça e não faz mais nada Fake news do livro de história Anda de mãos dadas Com o Estado que mata
Sua faculdade me exclui pois no seu dicionário eu sou autodidata Mas o grito é de revolta Com dois pés na porta que faz retomada!
Juventude lutando por mais Tudo é nosso, nós somos capaz Se aumentar os passos eles ficam para trás É tipo corrida de jogos voraiz
E eu não quero saber se concorda Cuidado que a corda é colonizada Enquanto você aponta o dedo A arma do Estado já tá engatilhada Então respeita a memória, e escute a história de boca fechada A flecha tá indo pro alvo E quando acertar não vai sobrar mais nada!
E eu vou buscar O que é meu (O que é nosso é hora de retomar) O que eu meu Eu vou lutar (Sim, nós vamos lutar)
E eu vou buscar O que é meu O que eu meu Eu vou lutar
(Avisa lá)
Pois rasgo minha certidão Não preciso do Estado uma declaração O seu plano falhou Sou a confirmação
Compositor: Katia Sabino Rodrigues (Katu Mirim) ECAD: Obra #40708449