Me chamo Laurindo Pedra Do campo sou elemento Carrego marcas no corpo Com cicatrizes do tempo Rolando ganhei o mundo Lasquei, mas sobrevivi Por certo guardo memórias Das outras pedras daqui
Falo das boleadeiras Que andavam sempre a cavalo Voando livre nos campos Matando a fome num pealo Viram a doma de perto O potro, o queixo quebrado Viram a poeira e o tombo No rito de um batizado
Vi pedras sentando o fio De facas muy carneadeiras Tirando tentos pra os laços Serviço de tarde inteira A mesma faca afiada Sangrava sem ter perdão Descascava fruta doce Na sombra de um "cinamão"
Eram de pedra as mangueiras Acomodadas com jeito Guardavam todas na forma Histórias do rio e do leito Cercaram miles de bois Na sesmaria da estância Foram castelos gigantes Nas brincadeiras da infância
Não faltariam palavras Tampouco pedras, eu sei! Mas como também sou barro Encerro e me calarei Cantando a pedra inerte Que sela o fim da existência Assim que virarmos pó Trocando de pago e querência
Compositores: Caique Alcantara Mello (Kayke Mello), Juliano Costa dos Santos (Juliano Santos) ECAD: Obra #25813852 Fonograma #24108796