Primeiro foram criadas as correntes marinhas E dada aos seres a necessidade de navegar Ninguém sabia de onde esta vontade vinha Ninguém sabia como era o mar. Depois foram criadas as estrelas E as posições da ursa polar Constelações se fizeram e vê-las Despertou nos seres a vontade de voar. Um dia surgiram as ilhas Os continentes a se desmembrar Pedaços de terra, pedaços de trilhas Então existia uma razão para se deslocar Entre as faixas marinhas Entre as ilhas e trilhas Pessoas distantes a se esperar. E disto nasceu a saudade Trazendo consigo a brisa do mar. Os ventos foram criados, A lua chegou pra ficar Criando marés e soldados Cantavam suas glórias sobre o luar. Surgiram os barcos, surgiram as velas Vieram os remos pra impulsionar Ousados marujos que em caravelas Faziam-se ao largo tentando encontrar O porque do desejo de navegar O porque do desejo de navegar Ninguém sabia donde este desejo vinha E monstros marinhos surgiram aos montes Fenícios e gregos observaram uma linha Egípcios e etruscos observaram o horizonte. Estudos complexos de um tempo distante Criaram um objeto para cartear Cartas náuticas baseadas em estrelas brilhantes A fim de que o oceano pudessem mapear. Clepsidras já existiam e também as lanternas para guiar Era preciso criar um sextante Que nunca nem antes Ousou-se criar. O astrolábio surgiu E os seres se fizeram ao mar. E ninguém nunca descobriu De onde nasceu a vontade de marear. Terras novas foram descobertas Convenções e tordesilhas se fizeram notar Espanhóis e ingleses travaram batalhas Surgiram corsários e novos monstros no mar. Mestres, almirantes e marujos recebiam ofertas Por cartas náuticas que soubessem desenhar. Mapas do mundo se estendiam como toalhas Lendas e mitos, marés, maremotos no afã de velejar. E a ganância humana nunca se preocupou Com as equações matemáticas que o astrolábio criaram A ignorância mundana nunca se preparou Para entender o objetivo que as correntes criaram. Foi você, Foi um sábio Que para treinar o contorno dos seus lábios Precisou inventar Bussolas, lunetas, faróis e o astrolábio E dar aos gentios o desejo de navegar. Foi você, Foi um sábio Só para testar o formato dos seus lábios.
Compositor: Leonia Maria de Oliveira (Leonia Oliveira) ECAD: Obra #30061951