Cavalgado Cabelun Subia a serra, Trazia no lombo um Passo de guerra. E a cidade ficava lá, Dois metros depois do Deus dará. Protegida das torres da igreja Que zombavam de Cabelun Por seu despudor, Invadir a cidade de cereja Um herege, um algum Servo do tentador. E veio o vento que veio, Calar a boca do sino, Meteu o pé no esteio Desconjurou menina e menino. Deixou a cidade de perna pra cima, Campeando a saia a lhe sair do ventre. Cabelun roçou a vida, Fez chacina comeu os olhos De azul descrente. E foram homens rodando, Azulejos, supositórios, despostórios, Leis, legisladores e maravilhas Eletrônicas roubadas. Só ficou a torre de cimento A proteger os desditos, Cumprindo o juramento que fez c’o Santo Bendito Umas rimas e poemas loucos, Se espalharam ao vento, Gritando que era pouco Deixassem o mundo ao relento. Estrebuchando Cabelun Fugiu de vista, Deixando cheiro de algum Sonho egoísta, Arrotou bravatas nas gravatas, Nos escritórios modernos, Arrastou dinheiro dos bueiros Em casas de ternos. Somente a torre esquecida, Na cidade qualquer do mundo, Lambia o sangue das feridas Com seu suspiro profundo!
Compositor: Leonia Maria de Oliveira (Leonia Oliveira) ECAD: Obra #30061924