No meu tempo de mocinho eu carregava muita ilusão Morava numa fazenda, ali vivia lavrando o chão Os bailes da redondeza era a minha diversão A rapaziada reunia todos com grande alegria Era certeza que eu ia junto com os meus irmãos
Chegava de madrugada, só pelo rangido do portão Papai da cama dizia, meu filho agora cadê João? Com quem ficou Rafael? Como demora vir Sebastião Isto sempre repetia, sei que o velho não dormia Enquanto ele não ouvia os filhos pedir benção
Um dia falei pra ele, papai agora quero saber Por que se preocupa tanto se todos nós sabemos viver Meu filho sua pergunta deixo pro tempo lhe responder Na hora pensei comigo, entender eu não consigo Isso é mania de antigo, em tudo se intrometer
Sou casado há muitos anos e já assisto um filho crescer Vendo a maldade de perto que é bem sujeito acontecer O nosso mundo é uma estrada, tem muitos lados pra se vender Por mais que eu seja disposto, pensando em certos desgostos As rugas deste meu rosto já começa aparecer
Agora compreendi quanto o papai já tinha sofrido A pergunta que eu lhe fiz o tempo havia me respondido Na frase que ele me disse somente agora encontrei sentido Com pesar no coração eu lhe dou toda a razão Fiz a ele uma oração, papai já é falecido
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositores: Geraldo Aparecido Borges (Geraldinho), Domingos Paulino da Costa (Zeca) ECAD: Obra #1799997 Fonograma #678116