Esteio de aroeira corroído pelos anos O vendaval do tempo até hoje tu resiste Quem hoje vê teu vulto no sertão abandonado Não sabe que encerras uma história longa e triste
Meu pai que te plantou na terra dura lá da mata Tu foste a cumeeira de teu rancho pequenino Só o vento frio da noite e o cantar dos curiangos Ficaram acompanhando a solidão do teu destino
Esteio de aroeira, também tenho a tua idade Meu pai te construiu para que fosses meu abrigo O tempo foi passando e só depois de muitos anos Pela primeira vez te encontrei, esteio amigo
Meu pai que também era o esteio firme da família Há muito tempo atrás longe daqui tombou sem vida Só tu me esperou, esteio velho de aroeira Para me conhecer e ouvir a minha despedida
Esteio de aroeira, quantas vezes esperança Ficaram sepultadas no teu tronco no passado Ainda tu conservas o sinal de uma lembrança Marcada no teu tronco pelo corte do machado
Nós que nascemos juntos, esteio velho de aroeira Será quem vai primeiro ser tombado pela sorte? Se és tu lá na floresta derrubado pelo tempo Ou eu por este mundo derrubado pela morte
(Pedro Paulo Mariano - Santa Maria da Serra-SP)
Compositor: Jose Fortuna (Ze Fortuna) ECAD: Obra #16540 Fonograma #3257998