Lívia Cruz
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Perdição

Lívia Cruz


Vendi minha alma ao diabo
No dia que eu passei nessa encruzilhada
E esse tratado mal feito
Me fez perceber que era a troco de nada

E não podia ser desfeito
Tudo que cê ganha
Em dobro cê paga

E o golpe no meio do peito
Eu nem vi
Que eu tava focada no brilho da adaga

Eu vi que não tinha mais jeito
Quando a adaga já tava atravessada

O tal diabo é um estranho sujeito
Ele disse: "eu era abençoada"
Que o meu caminho era estreito
Mas que agora eu andava blindada

Que eu tinha os dois pés direitos
Pra eu caminhar sossegada
Mas tanta verdade rasgou minha retina
Eu segui com a vista embaçada

Não era tristeza
E nem cocaína
A carga era muito mais pesada

Foi quando ele disse
"Calma minha filha, cê vai sustentar a parada"
Que não é atoa
Eu era escolhida
E diz isso dando risada

Estranho é que ele não vestia prada
Se eu não me engano a roupa dele era listrada
Levava na mão um corote
Ou podia ser somente um copo de água

Ele era bonito e forte
Nos pés tinha histórias douradas
Disse que ia me casar com a sorte
Porque esses homens não valhem de nada

E que o sorriso desse moço seria minha perdição
E a sua condição era levar meu coração
E que o sorriso desse moço seria minha perdição
Minha perdição

Vendi minha alma ao diabo
Mas o contrato tava com a data errada
Ele memo ficou possuído
Porque não contava com a própria mancada

Saía fumaça pelos seus ouvidos
Ao dizer que eu era uma filha ingrata
Seus olhos em chamas queimavam
Tanto quanto a sua adaga de prata

Que saiu do meu peito cortando meu pranto
E agora o meu sangue brilhava
Foi então que eu notei seu espanto
Vi que ele desacreditava

Que tão preciosa proposta
Não valia o que ele me cobrava
Trapaceiro perdeu a aposta
Montou seu cavalo
E pegou a estrada

Mas antes de virar as costas
Perguntou se eu tava preparada
Que traria novas propostas
E disse isso dando risada

O tal diabo é um estranho sujeito
Mas eu não to preocupada
Meu caminho sempre foi estreito
E eu aprecio a estrada

A sorte sempre tá comigo
Memo que com ela eu não seja casada
E o azar me alerta dos perigos
A cada nova alvorada

E aquele sorriso foi problema antigo
Desse crime eu não era culpada
Não sei se foi tudo isso
Talvez eu só tava chapada

E que o sorriso desse moço seria minha perdição
E a sua condição era levar meu coração
E que o sorriso desse moço seria minha perdição
Minha perdição

Compositores: Leonardo Henrique Vereda Cunha (Leo Cunha), Livia Fontoura Silva Cruz (Livia Cruz)
ECAD: Obra #20995036 Fonograma #17624356

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