Eu estou olhando lá na curva do destino Meus longos dias lentamente se findando A mocidade que ficou lá na distância E a velhice aos poucos se aproximando As minhas pernas se encontram fraquejadas Quem era forte não pode mais com o laço Um boiadeiro de talento e muita glória Hoje se encontra naufragado no fracasso
E quantas vezes através de uma miragem Vejo a boiada caminhando no pensamento Dessa boiada já não sou mais boiadeiro Sou agora um cargueiro transportando sofrimento
A minha tropa há tempo está parada Até parece que sofre como eu O meu cachorro não sai da porta do rancho O meu berrante para sempre emudeceu Minha guaiaca pelos anos já desfeita Meu par de esporas no esteio pendurado O coxinilho que já foi o meu abrigo Hoje somente é uma sombra do passado
Lá na estrada já não vi mais a poeira Rastro de gado o progresso apagou Perdi aquela que em vida tanto amava Linda cabocla que o berrante conquistou Meus companheiros já deixaram esta vida Todos partiram deixando a saudade Estou seguindo o berrante do tempo Que pouco a pouco me conduz pra eternidade
Compositor: Luiz de Castro/DomicianoPublicado em 1984 (10/Jul) e lançado em 1984 (01/Ago)ECAD verificado fonograma #837551 em 29/Out/2024 com dados da UBEM