Quando há muitos anos Fui aprisionado nesta cela fria No segundo andar da penitenciária Lá na rua eu via Quando o jardineiro plantava um ipê E ao correr dos dias Ele foi crescendo e ganhando vida Enquanto eu sofria Meu ipê florido, junto à minha cela Hoje tem altura de minha janela Só uma diferença há entre nós agora Aqui dentro as noites Não têm mais aurora Quanta claridade tem você lá fora Vejo em seu tronco, cipó parasita Te abraçando forte Enquanto te abraça suga a tua seiva Te levando à morte Assim foi comigo, ela me abraçava Depois me traía Por isso, a matei E agora só tenho sua companhia Meu ipê florido, junto à minha cela Hoje tem altura de minha janela Só uma diferença há entre nós Agora aqui dentro as noites Não têm mais aurora Quanta claridade tem você lá fora
Meu bem, eu queria que você voltasse Ao menos pra buscar Alguns objetos, que na despedida Você não levou Um batom usado caído No canto da penteadeira Um vestido velho cheio de poeira Jogado no quarto com marcas de amor Vestido de seda O seu manequim também te deixou Aí no cantinho não tem mais valor Se não tem aquela que tanto te usou Eu também não passo de um trapo humano Sem minha querida Usado e jogado num canto da vida Não sei o que faço sem meu grande amor Eu já nem acendo a luz do meu quarto quando vou deitar Porque no escuro não vejo no espelho Meus olhos chorando Não vou na cozinha Pra não ver dois copos vazios na mesa Fazendo lembrar com tanta tristeza Da última noite que nós nos amamos Vestido de seda O seu manequim também te deixou Aí no cantinho não tem mais valor Se não tem aquela que tanto te usou Eu também não passo de um trapo humano Sem minha querida Usado e jogado num canto da vida Não sei o que faço sem meu grande amor
Compositores: Aldair Teodoro da Silva (Teodoro), Alcino Alves de Freitas (Alcino Alves) ECAD: Obra #2266 Fonograma #2265958