De manhã cedo essa senhora se conforma Bota a mesa, tira o pó, lava a roupa, seca os olhos Ah! Como essa santa não se esquece De pedir pelas mulheres, pelos filhos, pelo pão Depois sorri meio sem graça e abraça Aquele homem, aquele mundo Que a faz assim feliz
De tardezinha essa menina se namora Se enfeita, se decora, sabe tudo, não faz mal Ah! Como essa coisa é tão bonita Ser cantora, ser artista, isso tudo é muito bom! E chora tanto de prazer e de agonia De algum dia, qualquer dia entender de ser feliz
De madrugada essa mulher faz tanto estrago Tira a roupa, faz a cama, vira a mesa, seca o bar Ah! Como essa louca se esquece Quantos homens enlouquece nessa boca, nesse chão Depois parece que acha graça e agradece Ao destino aquilo tudo que a faz tão infeliz
Essa menina, essa mulher, essa senhora Em quem esbarro a toda hora num espelho casual É feita de sombra e tanta luz De tanta lama e tanta cruz Que acha tudo natural
Compositores: Joyce Silveira Moreno (Joyce), Ana Maria Terra Borba Caymmi (Ana Terra) ECAD: Obra #16497 Fonograma #9956559