Enquanto físicos discutem os planos de Deus Filósofos tentam explicar a vida aos seus O padre tenta ajudar, mas a razão Esbarra no muro da Igreja A gente tem tanta certeza que já Não encontra um segundo pra raciocinar Se eu duvido me complico, se aceito, eu tomo jeito
Enquanto homens brincam de lançar foguetes Pra ver se alguém lá do espaço nos entende Aqui embaixo é tão difícil de parar Pois quase tudo é tão urgente A gente ri da esperteza dos idiotas do planalto Porque se a gente for chorar de tristeza e sobressalto O diabo nos convence que o bem não nos pertence
Mais uma criança morre em qualquer canto do planeta E o senhor presidente, acha normal que esposa de político mereça Viajar com dinheiro do povo? Ah, tudo isso me dá nojo O português sovina da esquina destrata a sua filha Adolescente, doida de boleta E ela carrega a arma que ele guardava na gaveta Explode os miolos e acaba assim com os seus problemas
Ah, mas que papo mais estreito De que adianta questionar o que penso não estar direito? É tanto desrespeito, tanto preconceito
Enquanto noticiários mostram mais uma transação ilícita Enquanto gritos na esquina expõem a tragédia da vida Enquanto os filhos crescem Os pais e o país inteiro se esquecem Que é tão difícil olhar pra fora e ver toda a beleza Sem que dentro se consuma essa nossa vileza E enquanto isso a gente segue nadando contra a correnteza E enquanto isso a gente menospreza mais um irmão com a nossa frieza E enquanto isso a gente bebe, fuma e se entorpece E se enaltece com a nossa proeza!