Luiz Gonzaga
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Apologia Ao Jumento

Luiz Gonzaga

Luiz Gonzaga 50 Anos de Chão 1941-1987


É verdade, meu senhor
Essa história do sertão
Padre Vieira falou
Que o jumento é nosso irmão
Ão ão ão ão ão ão

O jumento é nosso irmão, quer queira, quer não
O jumento sempre foi o maior "desenvolvimentista"
do sertão...

Ajudou o homem na vida diária
Ajudou o homem, ajudou o Brasil a se desenvolver

Arrastou lenha... Madeira... Pedra, cal, cimento,
tijolo... Telha
Fez açude, estrada de rodagem
Carregou água pra casa do homem
Fez a feira e serviu de montaria
O jumento é nosso irmão...

E o homem... em retribuição o que, que lhe dá?
Castigo... Pancada, pau nas pernas, pau no lombo,
Pau no pescoço, pau na cara, nas orelhas.
Ha...jumento é bom o homem é mal

E quando o pobre não aguenta mais o peso
De uma carga, e se deita no chão
Você pensa que o homem chega ajuda
O "bichin" a se levantar? Hun, pois sim,
Faz é um foguinho debaixo do rabo dele
O jumento é bom...
O jumento é sagrado...O homem é mau.

O homem só presta pra botar apelido no jumento
O pobrezinho tem apelido que não acaba mais:
Babau, gangão, bregueço, fofarquichão,
Imagem do cão, musgueiro, corneteiro, seresteiro,
Cineiro...Relógio, É, ele dar a hora certa do sertão
Tudo isso é apelido que o jumento tem
Astronauta, professor, estudante...
Advogado das bestas...

É chamado de estudante
Porque quando o estudante não sabe a lição
na escola, o professor grita logo:
"Você não sabe porque você é um jumento".
E o estudante pra se vingar botou o apelido
no jumento de "professor"
Porque o professor ensina a ler de graça
Pois sim, quem ensina a ler de graça
É o jumento, meu filho! É assim:
A.. E, I, O, U, U
"Ypsilone" (Y), "Ypsilone" (Y),
"Ypsilone" (Y), "Ypsilone" (Y),
"Ypsilone" (Y), "Ypsilone" (Y)...

Só não aprende a ler quem não quer
Esse é o jumento, nosso irmão, animal sagrado
Serviu de transporte pro Nosso Senhor
Quando ele ía para o Egito
Quando o Nosso Senhor era "perritotinho"...

Todo jumento tem uma cruz nas costas
Não tem? Pode olhar que tem
Todo jumento tem uma cruz nas costas
Foi ali que o menino santo fez um "pipizinho"
Por isso ele é chamado de sagrado
Ah, ha...jumento meu irmão, o maior amigo do sertão

Ele é cheio de presepada sim senhor
Uma vez ele me fez uma menino,
Que eu não me esqueci mais
Quando dar as primeiras chuvas no sertão,
Agente planta logo um milhozinho
No monturo da casa da gente, porque dá ligeiro
E é milho doce, dá ligeirinho, ligeirinho
O jumento cismou de ser meu sócio
Eu disse: "Eu pego ele...".
Quando ele invadiu minha roça...he!
Eu preparei uma armadilha, cheguei perto dele:
"Comendo meu milho, hein!... Vou lhe pegar".
Ele balançou a cabeça, ligou as atenas,
"troceu" o rabo, "troceu", "troceu", "troceu"
deu corda e disparou...
Deu um pulo tão danado na cerca que nem triscou na minha armadilha
Correu uns 10 metros, fez meia volta
Olhou pra mim e me gozou:
"Seu Luiz... Seu Luiz! Comi seu milho...
E como, e como, e como, e como...".
Filho da peste, comeu mesmo

Mas eu gosto dele...
Porque ele é servidorzinho que é danado
Animal sagrado
Jumento, meu irmão, eu reconheço teu valor
Tu és um patriota, tu és um grande brasileiro
Eu "tô" aqui jumento, pra reconhecer o teu valor, meu irmão...

Agora meu patriota, em nome do meu sertão
Acompanha seu vigário, nesta eterna gratidão
Aceita nossa homenagem
Ó, jumento, nosso irmão
Ão, ão, ão, ão, ão, ão, ão, ão

Compositores: Jose Clementino do Nascimento Sobrinho (Jose Clementino), Luiz Gonzaga do Nascimento (Gonzagao)
ECAD: Obra #14714 Fonograma #2884

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