Ave milonga pampeana Maria dos campeadores Rogai por nos sonhadores em cada tarde do pago Nos que lavamos a erva pelas horas chimarronas Enfumaçando cambonas pra disfarçar os amargos
Ave milonga fronteira senhora dos cantadores Que andai pelos corredores enluarando tições Venha abençoar os sulinos que extraviaram seu canto E desgarraram do campo na ilusão de outros galpões
Ave milonga campeira santa mãe dos payadores Os que descantam amores quando a solidão se agarra Os que encarnam as dores todas penas do universo E se libertam num verso na vastidão das guitarras
Ave milonga aragana oração das invernadas Cruz negra que nas estradas palanqueia os caminhantes Abençoai os marianos que tapeando o chapéu Firmaram marcha pra o céu na ânsia de chegar antes
Ave milonga profeta bendição para um tempo novo Vem batizar o meu povo que enraizou-se nas vilas Que changueia o pão divino no portal de um cola fina E toreia a própria sina no tenteio de alguns pilas
Ave milonga vaqueana onde um cristão reza o terço Berço pra um guitarreiro transpor cantiga em puaço Vos peço com devoção que no juízo final Eu ressuscite imortal com uma guitarra nos braços
Ave milonga... bendita prece entre as guitarras
Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Marcio Nunes Correa ECAD: Obra #455140 Fonograma #859756