Meu poncho emponcha lonjuras batendo água E as águas que eu trago nele eram pra mim Asas de noite em meus ombros sobrando casa Longe "das casa" ombreada a barro e capim
Faz tempo que eu não emalo meu poncho inteiro Nem abro as asas da noite pra um sol de abril Faz muitos dias que eu venho bancando o tino Das quatro patas do zaino, pechando o frio
Troca um compasso de orelhas a cada pisada No mesmo tranco da várzea que se encharcou Topa nas abas sombreras, que em outros ventos Guentaram as chuvas de agosto que Deus mandou
Meu zaino garrou da noite o céu escuro E tudo o que a noite escuta é seu clarim De patas batendo n'água depois da várzea Freio e rosetas de esporas no mesmo trim
Falta distância de pago e sobra cavalo Na mesma ronda de campo que o céu deságua Que tem um rumo de rancho pras quatro patas Bota seu mundo na estrada batendo água
Porque se a estrada me cobra, pago seu preço E desabrigo o caminho pra o meu sustento Mesmo que o mundo desabe num tempo feio Sei o que as asas do poncho trazem por dentro
Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Paulo Henrique Teixeira de Souza (Gujo Teixeira) ECAD: Obra #30964432 Fonograma #10939335