"Ficou uma cruz cravada e um silêncio de arreio Nem rangido, nem um coscorro da mordedura do freio Ficaram estrivos juntos, xergão de carda, suado E uma silhueta estendida, da dimensão do gateado"
Quem foi potro em primaveras, madrugando minhas encilhas Já foi barco de alma leve, navegando essas coxilhas Cascos de lua crescente, pra o céu grande das flexilhas Há de encontrar invernada, rincão, querência ou potreiro Lugar que o deus dessa pampa, reserva pra os seus campeiros
Quem sabe o céu te espere, com garras de corvos negros Ou intempéries de chuvas, trocando a dor por sossegos Lavando um lombo sem viço, sem forquilha nem pelego Quem já foi flor nos setembros, sendo rio grande na praça Vai matar campo e flexilha, pra consumir sua carcaça
Quem soube morrer de velho, destino bom de cavalo Numa várzea de sol posto, entrega-se qual regalo Pras mãos certeiras do tempo, que nunca erra o pealo Pois só quem teve um gateado, conhece as coisas que digo Não mate ou venda um cavalo, que estás traindo um amigo
Quem foi terra sem cobrá-la, retorna agora pra ela Querência da minha encilha, fechou pra sempre a cancela Entregando os olhos pampas, pra uma estrela sentinela Rogando a sombra da cruz, boto no peito o chapéu Reverencio pra terra cavalo bom vai pro céu
Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Paulo Henrique Teixeira de Souza (Gujo Teixeira) ECAD: Obra #200324 Fonograma #859766