Amanheço galponeando, garroteando algum avena Por que sei que nesta pampa, ainda tem muito pavena Enquanto a cambona aquenta, passo um fio na minha chilena
É balda antiga que eu tenho e que agarrei já taludo De medir força de mano com veiaco e cogotudo pois é diversão mais linda, que Deus fez pra um crinudo
Se sai cuspindo nos pulso, fazendo aquele alvoroto Atiro o caixão pra traz, grudo-lhe o mango no potro E como quem bate roupa dou de um lado e depois de outro
Me agrada lida de campo, capação banho e refugo Lidar com eguada xucra das que não conhecem jugo Tapar de rodilha o maula, fazer da volta o sabugo
Ou num plaino de varzedo por gauchada de moço Sair de enfiada num osco abrindo o peito em retoço Cruzar o rastro e botar o laço no fervido do pescoço
Noite escura não me assusta, em qualquer furna eu me meto Não tenho medo de assombro, nem que seja um esqueleto Já peleei com o diabo velho montado num chibo preto
Um baile em costa de mato, la pucha como faz bem Se o santo padre soubesse o gosto que isso tem Abandonava a igreja, vinha pra farra também
Sou parte desse universo, grama destas pradarias Quando o cambicho empandilha desejos e nostalgias Boto as garras no meu mouro e percuro as alegrias
Compositores: Jose Joao Sampaio da Silva (Joao Sampaio), Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco) ECAD: Obra #98095 Fonograma #13445