Tenho a vida de a cavalo entre alegrias e penas por andejar campo afora mudei a cor das melenas semeando tombos de pealos de Serro Largo a Bolena
Marcas de laços e guampas bordadas no tirador despertei risos nas chinas por guitarreiro e cantor abri janelas de ranchos nas dobras do corredor
Das Palmas ao Jaguarão conheço sangas e grotas do Camaquã ao São Luiz dos Três Cerros ao Candiota gastei o aço do estribo na curvatura das botas
Já pisei cada coxilha deste meu pago fronteiro de Santa Tecla ao Aceguá formei um tino campeiro fui peleador e ginete nas festas de vichadero
Só quem andou como eu Pode entender o que falo Fazendo cantar sinceros No compasso do barralo E aprendeu ir mais longe Sobre o lombo do cavalo
Enredei crinas nos dedos, nos dois lados da fronteira domei potradas veiacas uruguaias, brasileiras e andei parando matreiros nas sogas das boleadeiras
Nas tropilhas das estâncias andam pingos no meu freio são cavalos pra quem sabe o que fazer nos arreios pra estes que cincham sozinhos num pelado de rodeio
Empurrei milhas de bois em pingos de cola atada nas tropas de São Domingos que vinham cheirando a estrada e silenciaram pra sempre na marreta da charqueada
Por onde desencilhei nos mais crioulos rincões deixei cantigas de espora no chão duro dos galpões e floreios de cordeonas entre os mates dos fogões
Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Eron Vaz Mattos ECAD: Obra #204681 Fonograma #16154