"Mate galpão madrugada, a estrela guia nascendo, E o fogo manso aquecendo um guitarreiro ancestral, Esse é o crioulo ritual, que um novo dia repete, Pingos, dobrando o topete, na testeira do bucal."
Esporas acordam cedo os laços voltam aos tentos Incomparáveis momentos neste rincão de mi flor O gado no parador dispersa ao tranco por lote E um potro verga o cogote pateando no maneador
Na costa a sombra espichada dos santa fés acordando Pelos de lontra brilhando nas barrancas da lagoa E assim a vida encordoa sobre o lombo da manhã Enquanto um grito tajã pelo varzedo ressonga
Picadas de contrabando adoçadas de pitanga Os matos costeando sangas rastro de sorro na areia Junto as ressacas das cheias ossamentas encalhadas De alguma rês atolada numa cruzada mais cheia
"Esses campos me conhecem de outros tempos vividos Quando vibravam sonidos do bombo índio chamando E as boleadeiras tombeando os fletes dos invasores Entre amargos estertores da minha raça peleando."
Cada estância fronteiriça é um fortim de liberdade De pátria e dignidade que o mundo reconheceu Quando o Rio Grande nasceu eu já andava a cavalo Suando contra um vassalo que quis tomar o que é meu
Por isso as vozes que ouço de tempos imemoriais São mensagens fraternais pra quem renasceu agora Por isso minha alma aflora em cada coisa que penso E deixa um rastro de incenso pra exalar campo a fora
E permaneço gaúcho porque a essência perdura Templa rude alma pura que a história conhece a fundo Mesmo pequeno e inundo de imperfeições deste plano Eu me sinto o ser humano mais genuíno do mundo Mas genuíno do mundo
Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Eron Vaz Mattos ECAD: Obra #278240 Fonograma #859751