O brasedo invade cernes Há um lúcido momento Berra uma estrela perdida Nublada de sentimento Clareiam fogões guardados No galpão do pensamento
Rodilhas enfumaçadas Do palheiro vão à quincha se rebolda uma esperança E uma saudade relincha No maneador do meu verso Pastando à lu de uma frincha
Brotam imagens de ontem Pelas lembranças cansadas Preguiça nas silhuetas Que surgem nas madrugadas Morrem sonhos, nascem rimas Pelos sinais das estradas
Há quietude nos lombilhos E nas barbelas dos freios Sesmarias encolhendo Por atropelos alheios Crescem pastos e macegas Nos pelados dos rodeios
As léguas formam rasuras Nas vibrações sensitivas Pelos pousos das estradas As nossas razões mais vivas Apearam ponchos e malas Das ancas das comitivas
Pelas pastagens de tropas Ouço o troar dos motores silenciaram os cincerros Andejos dos corredores E os relinchos das quadrilhas No ritual dos matadores
Acenam vultos heróicos Na ausência dos manotaços Cambona longe dos tentos Bretes enrodilham laços E os buçais estão fugindo Das mãos canhotas dos braços
Já não esvoaçam crinas Nos turumbambas de patas Apenas luze a história Pelas bombilhas de prata Falam vozes ancestrais Por cochichos de alpargatas
Emborcadas pelas sombras Açudeiras mariposas Demarcando a caminhada Para o fim das nossas cousas Há um escarcéu de memórias Pelos inscritos das lousas
Brotam imagens de ontem...
Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Eron Vaz Mattos ECAD: Obra #278268 Fonograma #25320349