Quem já cruzou na noite distâncias largas e viu a Querência inteira sumir num breu precisa a graxa do trevo das invernadas, cogote duro do pingo para a jornada e o tino de achar no escuro o que se perdeu
Quem já encilhou em noite de tempo feio e não achou suas estrelas formando cruz de nada adianta guiar a perna do freio no mundo das sombras grandes, cavalo e arreio são cegos da madrugada tateando a luz.
Quem ganha a boca da noite jamais esquece de haver sido um dos assombros que a noite tem talvez seja um destes vultos que assustam ranchos quem sabe um morcego a mais em asas de poncho alados mas prisioneiros que o sol não vêem
Hay hora na noite grande que o vento pára e vira o rumo perdido na escuridão é o mesmo tempo que a voz da macega cala, o pingo senta de susto arrastando a mala, e a gente chega a se tocar com a solidão
Cruzar o passo da noite, rever querência, tranquear com a vida nos bastos, surgir do breu é reencontrar estrelas num céu de ausências juntar pedaços do mundo das benquerenças é o tino de achar no escuro o que se perdeu
Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Sergio Carvalho Pereira ECAD: Obra #1475584 Fonograma #1209868