As vezes pego a guitarra pra contrariar a quietude E as mãos campeiras e rudes vem se fazer de cigarras A alma solta as amarras que a solidão traz consigo O peito encontra um abrigo numa milonga de essência E a própria voz da querência começa a prosear comigo
Há uma magia pampeana quando a milonga aparece Mescla de pranto e de prece na liturgia aragana Milonga lua orelhana que guarda a paz dos confins Ressuscitando os clarins que se calaram tristonhos Encontra os medos e os sonhos que estão perdidos em mim
Já não me sinto sozinho quando a milonga desgarra Pois se humaniza a guitarra que me acompanha aos caminhos Somos dois, eu e este pinho, companheiros das noites longas Minha ilusão se prolonga ao constatar que o bordão Na verdade é um coração pulsando dentre a milonga
Lembro as perguntas que eu fiz, porque tanto imediatismo Falsos tchês estrangeirismos desprovidos de raiz Mas a milonga me diz sempre ha caranchos parceiros Rondando a paz dos potreiros já desde o tempos de antanho Mas quem tem campo e rebanho madruga sempre primeiro
Milonga velha rainha das minhas noites sem sono Esta guitarra é teu trono onde a saudade se aninha O meu verso te amadrinha no galpão da plenitude Sinto sede és meu açude e é por isso que com garra As vezes pego a guitarra pra contrariar a quietude
Compositores: Luis Rogerio Marenco Ferran (Luis Marenco), Rodrigo Nolibos Bauer (Rodrigo Bauer) ECAD: Obra #455597 Fonograma #859748