Nasci feio como susto Parido com pelo e tudo Filho da Dona Nicacia, neto do veio trançudo O chinaredo do rancho me chamam de João cuiudo
No bagual de mais corinxo Meto as garra e quebro galho E saio mais entunado do que conde de baralho Cansei de acabar bochincho cortando a gaita num talho
Encilho até lixiguana Depois que peço a bolada Me grudo se me da gana me solto quando me agrada Lembro até uma castelhana que trouxei numa dentada
Que me importa o macheril Quando a volta se desmancha Nos mais taura do de fio nos mais fraco do de prancha Faz parte do meu feitio ficar de dono da cancha
Se me falta água de cheiro Me tapo de criolin Não é culpa de ninguém foi Deus quem me fez assim Há sempre um lote de china correndo atrás de mm
A cordeona que floreio Numa vaneira jesuíta Se encordoa num roreio que nem teto de mulita Como é que um índio tão feio toca marca tão bunita
A guitarra que pontei Com esses dedo de veludo Se acomoda sem receio no meu peito cabeludo E o verso sai como veio da alma do João cuiudo
Tanta coisa nasce linda Depois não tem serventia Se a feiúra fosse crime o feio não existia Se eu não prestasse pra nada ficava pra tirar cria