Velha vaneira baguala que estufa os foles da gaita Riscando a unha do taita cheia de furo de bala Tomando conta da sala o mesmo que lagartixa E o chinaredo cochicha quando seu ronco se cala
Se mistura no balanço a poeira do chão batido E os babados do vestido corcoveiam sem descanso E o índio metido a ganso grudado a fita vermelha Fica boqueando na orelha num jeitão de sorro manso
A fumaça do candeeiro se adelgaça e se esparrama Perseguindo alguma dama de sorriso feiticeiro E nunca falta um salseiro que é tradição secular E os índios que vem mamar na garrafa do gaiteiro
Vaneira que nasceu guacha na caixa de uma cordeona Mamando numa siá dona destas que escondem a graxa Andou na pampa buenacha queimada de sol e brasa E quando não tinha casa dormia dentro da caixa
Nos comércios de carreira nos velórios e carpeta Sob a quincha das carretas ouvindo truco e primeiras Nos bochinchos de fronteira nunca vai faltar um taita Pra dar um talho na gaita e deixar livre a vaneira
O próprio índio que toca esta vaneira machaça É o sacerdote da raça nas bruxarias que invoca E os arrepios que provoca neste galope estendido Nos levam ao chão batido dos ranchos da bossoroca
Compositores: Jayme Caetano Braun, Pedro Leandro Scarparo Silveira (Pedro Guerra) ECAD: Obra #1871167 Fonograma #911176