Cara de palhaço Pinta de boneco Pula o tempo todo Não dá nem uma parada Parece até ligado Na tomada Todo emocionado Com a própria brincadeira Qualquer coisinha cai Na choradeira
Uns dizem que é homem Outros que é mulher Dizem que é velho Por isso pinta a cara Pinta porque é moço Pinta porque é velho Pinta porque é macho Pinta por capricho Não é por nada disso Não é homem, não é mulher Ele é um bicho
E ele passeia, passeia Passeia como se fosse um turista E cumprimenta todo mundo Que freqüenta a Bela Vista E mesmo que ele esteja sem dinheiro Dá uma passadinha nos botecos de Pinheiros Chega com uma cara que dá pena Mas é gente muito boa Lá da Vila Madalena Sempre sobra um copo de cerveja Fica tão contente Mas não quer que ninguém veja Então procura o centro da cidade Na Liberdade Lá ele aparece algumas vezes Lá os seus amigos são chineses Canta umas canções em pot-pourri E o pessoal morre de rir E no fim da noite Dá o último giro No Bom Retiro
Meio delirante Meio inconseqüente Muito colorido Um destaque na paisagem É todo uma figura Um personagem Não adianta perder tempo Desprezando a sua imagem Pois nunca ele ligou Pra essas bobagens
Corpo de moleque Corpo de borracha Todo amolecido Dobra tudo Nada racha Dizem que é um esboço Que é alguém de carne e osso Dizem que é um colosso Por dentro e por fora É gente como a gente A gente sente Pois se aperta ela chora
E ele vagueia, vagueia Vagueia como se fosse um cachorro Avança, volta um pouco Chegando até Socorro Lá ele não conhece muita gente Então pega a Marginal, o Jóquei Clube E segue em frente Gosta de entrar um pouco na USP Gosta de sentir que é estudante Mesmo que não estude ele embroma Com tanta perfeição Que sempre sai com um diploma E vem pra casa então todo feliz Em Vila Beatriz Tem os seus horários de paquera Tem o seu lugar no Ibirapuera Tem o seu amor em Santo Amaro Que ele encontra pelo faro E tem um gosto muito próprio E muito raro
Balança a cabeça Mexe o coração Passa pela Penha Pela Lapa, pelo Brás E já não sabe bem mais O que faz Todo envergonhado Quando encontra uma criança Perde o rebolado Sempre dança
Tido como louco Fala muito pouco Pula, gesticula Flexível, inquebrável Vai ver que ele é amável Vai ver, é provável Vai ver que ele é uma fera Vai ver que ele devora Vai ver que cê chegando Bem pertinho, dando um sopro Ele evapora
Voz e Violão: Luiz Tatit Violinos: Anderson Rocha e Alex Braga Viola: Fábio Tagliaferri Cello: Marisa Silveira Baixo Acústico: Mário Andreotti Sampler: Ricardo Breim Trompete: Roberto Gastaldi Arranjo: Ricardo Breim e Hermelino Neder
Compositor: Luiz Augusto de Moraes Tatit (Luiz Tatit) ECAD: Obra #19507 Fonograma #3210218