Quando me lembro dos meninos do Sertão Olho pro céu e vejo eu entre os pardais Catando estrelas, desenhando a solidão Ouvindo estórias de fuzis e generais Lembrando rezas que aprendi no juazeiro Que um violeiro me ensinou numa canção Bebendo sonhos era assim o meu destino Mais um menino na poeira do Sertão
Quando me lembro dos meninos do Sertão Beijando flores era eu em meu jardim Qual borboletas bailarinas de quintais E um arco-íris de esperança só pra mim E a liberdade feito um pássaro de seda Voava alto nos planos de menino Nas travessuras imitava os meus herois Luiz Gonzaga, Lampião e Vitalino
Quando me lembro dos meninos do Sertão Vejo Hiroshima nos olhares infantis Vejo a essência da desigualdade humana Num verdadeiro calabouço dos guris Meu coração bate calado enquanto choro A Deus imploro mais carinho e atenção Tirai a canga do pescoço dessa gente Que só precisa de amor, trabalho e pão
Adeus meu carro de boi Adeus pau de arara No ano 2000 que mal virá Cola, Carandirú, Candelária Quando isso vai parar Será que será sempre assim Será que assim sempre será
Compositores: Maciel de Melo Santos (Maciel Melo), Petrucio Antonio de Amorim (Petrucio Amorim) ECAD: Obra #273864 Fonograma #23952