Canção de Serviço
Quem se esconde por detrás
Do clarão da pontaria
A preço de muito ouro,
Por vingança ou por agouro,
Não vê o romper do dia
Quem se esconde por detrás
Da pistola, do clarão,
Com seu apetite de morte,
Sozinho apesar de forte
Seu salário é solidão
A bala, a bala de chumbo é grande senhor,
Pequena, pequena é a bala de prata,
Mas sei que o mesmo destino elas têm,
Se uma mata, a outra mata... he!
De colt, pistola ou rifle, senhor,
O serviço é logo feito,
Sua ordem se obedece, senhor,
É faca ou bala no peito
Quem se esconde por detrás
Da pistola, do clarão,
Com seu apetite de morte,
Sozinho apesar de forte
Seu salário é solidão.
A bala, a bala de chumbo é grande senhor,
Pequena, pequena é a bala de prata,
Mas sei que o mesmo destino elas têm,
Se uma mata, a outra mata... he!
Fita de trava estirada
Nos longes desse sertão,
Estrada, lâmina de asfalto
Fere, corta a solidão
De quem, procurando a esmo
Sua sorte, seu destino
Se perde até na distância
Que vai de si a si mesmo.
Estrada é ida, é regresso,
É espera, é despedida ,
É caminho a percorrer,
É distância percorrida.
Pelo tempo passa o tempo,
Passa a morte e passa a vida.
E a vida vai tão depressa,
Que é preciso ser contida
Acaba onde mal começa.
Caminhar tantos caminhos,
Tanta estrada caminharm
Cada estrada mais caminho,
Cada passo mais sozinho,
Mais distância pra chegar.
Esperar que um dia certo
O esperado há de chegar
Olhar sempre a mesma estrada
Pra ver sempre o mesmo nada
Sempre tempo pra esperar
Pra esperar.
A bala, a bala de chumbo é grande senhor,
Pequena, pequena é a bala de prata,
Mas sei que o mesmo destino elas têm,
Se uma mata, a outra mata... he!
Compositor: Pedro Santos E Marcus Vinícius