Mal se fechava o rodeio, e já no primeiro momento se destacou um touro fumaça que atropelava inté o vento Era um zebu da canela fina que a gente duvida que existe, sempre de cabeça erguida sólito e berrando triste
E atacando o rodeio num petiço alasão tava um guri de dez anos que era filho do patrão Piazito criado solto no galpão como xirú, tinha uma estranha atração por esse toro zebu O toro saiu bufando no meio da cachorrada dando coice e atropelando dereito fundo da invernada
Gurizito deu de rédia pois gostava do serviço mais quando viu o touro tava já cola do petiço Não deu tempo pra mais nada, foi uma cornada só e ficou o guri e o petiço tapado de sangue e pó.
Antes de morrer disse o guri pro pai vendo a desgraça: não quero que vocês matem o touro Fumaça Levaram com dois laço pra manguera o dito touro pra no dia seguinte venderem pro matadouro Na manguera em frente as casa onde se dava o velório o touro fumaça berrava no mais tristonho ofertório
Que noite triste para o cedo Enquanto velavam o defunto o touro zebu berrava e a cuscada uivava junto, parecia arrependido e na canga desse pecado Ele berrava tristemente como chamando o finado Inté a lua lá no céu com uma tristeza que encerra iluminava mais o touro do que as outras coisas da terra
Quase de manha calmou o berro igual um trovão e ficou o silêncio esperniando no velório do galpão Quando clareo bem o dia algém foi lá na manguera e encontro o toro morto no costado da portera.
Compositor: Jose Joao Sampaio da Silva (Joao Sampaio) ECAD: Obra #604457 Fonograma #1718704