[Verso 1: Marcão] Dentro do trem, observo várias vidas Sofridas, cansadas, guerreiras, porém esquecidas No empurra-empurra, pra entrar no vagão Que vai ficando mais cheio a cada estação A disputa é constante pra se ter um espaço Quem senta, acaba dormindo, vencido pelo cansaço Pessoas entram e saem a todo instante Estudante, trabalhador, vendedor ambulante "Skol Latão! ", "Água Mineral! ", e "Bala Halls! " Jornal Expresso, pra ficar por dentro do caos O vagão tá lotado, e o presídio também Mas tem que caber todo mundo dentro desse trem Quem vem, quem vai, quem entra, quem fica, quem sai Esse é o bonde do trem, que balança, mas não cai Da estação Mesquita, Marcão MC Direto do Dom Pedro II, vulgo Central-Japeri De vários bairros, de várias cidades, de vários lugares Partindo rumo ao Centro, ou pra Comendador Soares Na hora da partida é aquela euforia Geral exausto voltando pra periferia Já faz parte do cotidiano Bonde do trem, espírito suburbano Daqui de dentro a poesia ganha forma Observe atentamente o espaço entre o trem e a plataforma
[Verso 2: Léo Da XII] Intensidade na mente, ninguém contente, é só O trampo, enquanto acampo, meu inimigo maior Considerações, piores possíveis, é só saber Que quanto mais se aperta, a corda arrebenta sem nó No olho do menor eu vejo a visão Futuro? Um vencedor, ou não Trabalhador do bom Um pouco de ambição e um coração sonhador Dentro do trem ou metrô, não importa o quanto calor que for Se é necessário lutar, tem mais Acreditar, quem corre atrás nunca vai cansar Rapaz, com 2 reais ou algum centavo Compra refrigerante ou bala de mascavo Trabalho escravo, na mão do Criança Esperança A semelhança, vem no colo, com mais esperança Desconfiança... e o futuro da gente Trabalho, padrões, debaixo de um sol quente