O neguinho como eu cresceu sozinho e não consegue se livrar dos medos [?] Dançando com o diabo na Terra esperando ver Deus no céu Malandros, maloqueiros, boêmios e traficantes Correndo da polícia e vivendo no limite
Esse é o Sinistro, ele tá tentando fazer a coisa certa mas não tá fácil
Mãe, eu vou sair, tá? Tu vai aonde, meu filho? Dar um rolé Presta atenção, meu filho você é livre pra fazer as suas escolhas mas prisioneiro das suas consequências
E esse é o crew dele, que eles chamam de Mulato Snoop, Peixe e Rato, mas Mulato é mais que uma crew É uma ideia de resistências às diversidades A violência é o destino de tantos como ele E a história começa assim
Eu tenho sangue suburbano, a camisa velha de 2pac Tenho a alma de favela e a estrada de Kerouac Tenho coração rubro-negro, tenho a ginga do malandro A prosa de Bukowski, tenho acertos e enganos Tenho um pouco de Kante, Coltrane e atitude punk Tenho as guitarras do Hendrix e como carioca eu tenho o funk Tenho as dores de Frida, tenho a vanguarda do skate Tenho a boemia da Lapa e a sagacidade do Catete Tenho rimas e batidas, tenho gritos e sussurros Tenho todo o vandalismo de quem escreve nos muros Tenho a paz de Ghandi, a mão que empunha a Glock Tenho o caos de Basquiat e os abstratos de Pollock Tenho a determinação de Dr. King e a polêmica de Spike Lee Eu tenho a luta de Malcolm X e a técnica de Kubrick Eu tenho improviso do jazz, a simplicidade do samba Eu tenho a força e coragem de um guerreiro que ama Bump Aye
Como pode, menó? Que isso Porra, na moral Tá de marola, menó
Qual foi, Sinistro, tu não vai sair assim não, rapá!
Compositor: Marcelo Maldonado Peixoto ECAD: Obra #23617000