Eu morei numa fazenda Que mais feia não havia Era uma furna de serra Que de cerração cobria
Só depois de nove horas Que o Sol aparecia E pra onde a gente olhava Só montanhas que se via Lá pras bandas do poente Como sufocava a gente Quando a tardinha morria
O lugar era assombrado Minha mãe sempre dizia Que certas horas da noite Um gemido se ouvia
Era um ai ai tão triste Que no quintal se expandia Minha mãe ao lembrar disso Ela conta e se arrepia Não tinha vizinho perto Vejam que lugar deserto De nós só Deus que sabia
Não muito longe de casa Um piquete existia Onde meu pai conservava As nossas vacas de cria
Era preciso cuidado Quando um bezerro nascia Devido ter muitos lobos Por aquelas cercanias Lembro-me bem como era O uivado dessas feras Na solidão se perdia
Eu ainda era criança Quase pra nada servia Mas tirava doze e meia Na enxada todo o dia
O meu joguinho de malha Era o que mais me entretia Até que meus pais mudaram Era assim que eu vivia Hoje eu moro na cidade Mas recordo com saudade Minha velha moradia
Compositor: Osvaldo Franco (Dino Franco) ECAD: Obra #6217770 Fonograma #575630