Um ricaço fazendeiro Das bandas do Tietê Tinha uma filha bonita Mais linda que a flor do ipê Quando ela ia no pasto Dava gosto a gente vê O gado lhe rodeava Suas mãos vinham lamber Se um bezerro adoecia De tudo ela fazia Ai pro bichinho não morrer
O capataz da fazenda Por ela sentiu paixão E muitas vezes tentou Ganhar o seu coração E ela com muito jeito Lhe respondia que não Quando foi um certo dia Ele fez uma traição Querendo aproveitar dela Matou a pobre donzela Ai sem dó e sem compaixão
Na fazenda tinha um boi Que a moça tinha criado Com leite de mamadeira Por ser bezerro enjeitado Para despistar seu crime Aquele homem malvado Deixou os chifres do boi De sangue avermelhado Foi falar com o patrão Que seu boi de estimação Ai sua filha tinha matado
O fazendeiro chorando A morte da filha amada Mandou depressa os peões Buscar o boi na invernada O boi entrou na mangueira Cercado pela peonada Pressentindo sua morte Virou uma fera acuada Igual felino sagaz Investiu no capataz Ai lhe dando várias chifradas
Pra salvar o capataz A peonada correu Enquanto ele agonizava Contou tudo que se deu O que ele revelava A todos surpreendeu Nas derradeiras palavras Foi esse o pedido seu Não matem o pobre boi Que Deus do céu me perdoe Ai quem matou ela fui eu
Compositores: Francisco Gottardi (Sulino), Jose Alonso Guilherme ECAD: Obra #28205 Fonograma #599940