A crise
Eu vou te contar uma história
Que mais do que história é um drama
Desculpe se a emoção
Na minha garganta derrama
Isso foi estonteante
Acho que em menos de um ano
Eu fui para o fundo do inferno
E isso me machucou muito
Vinte anos da minha vida
Eu os deixo para uma empresa
E eles me expulsaram
Sem desculpas e de surpresa
Eles apontaram para a grande porta
Por onde entrei todos os dias
Eu saí com esperança morta
Sabendo que não voltaria
E quando seis meses se passaram
Para mim já era a urgência
Porque a greve acabou
E eu fiquei desamparado
Então o banco cobrou
A hipoteca com o apartamento
A mulher levou as crianças
Fiquei sem endereço fixo
Eu era faxineiro e negociante de sucata
Feirinha
Também babá de cachorro
Eles são preferidos mais do que crianças
Os bancos das praças
Eles são a sala de estar da minha casa
Quartos casuais
Se eles saírem do município
Eu tenho uma caixa de papelão
Isso serve de abrigo
Um pouco de vinho em uma jarra
Para esquecer minha bagunça
O carrinho que estou puxando
Contém toda a minha riqueza
As roupas sujas que estou trocando
Algumas fotos antigas e minha fraqueza
Eu nunca quis ser um mendigo
Antes de eu viver como você
Mas o poder do capital
Eu tiro o mínimo essencial
Saiba que ninguém é livre
Para viver este pavor
Voce tem que esconder sua vergonha
Para solicitar uma moeda por favor
La Crisis
Voy a contarles una historia
Que más que historia es un drama
Perdonen si la emoción
En mi garganta se derrama
Esto fue vertiginoso
Creo que en menos de un año
Bajé hasta fondo del infierno
Y esto me ha hecho mucho daño
Veinte años de mi vida
Se los deje a una empresa
Y me tiraron pa fuera
Sin disculpa y por sorpresa
Me señalaron la gran puerta
Por la que entraba cada día
Me fui con la esperanza muerta
Sabiendo que no volvería
Y cuando pasaron seis meses
Para mi ya fue la urgencia
Porque el paro se acabo
Y me quedé en la indigencia
Entonces el banco se cobro
La hipoteca con el piso
La mujer se llevo los hijos
Me quedé sin domicilio fijo
Fui limpiador y chatarrero
Vendedor de mercadillo
También cuidador de perros
Hay que los prefieren más que a niños
Los banquillos de las plazas
Son el salón de mi casa
Habitaciones casuales
Si dejan los municipales
Tengo una caja de cartón
Que me sirve de cobijo
Un poco de vino en un porrón
Para olvidar mi revoltijo
El carrito que voy tirando
Contiene toda mi riqueza
La ropa sucia que voy cambiando
Unas fotos viejas y mi flaqueza
Nunca quise ser un mendigo
Antes vivía como tu
Pero el poder del capital
Me quito el mínimo esencial
Sepan que nadie esta libre
De vivir este pavor
Hay que esconder su vergüenza
Para pedir una monedita por favor
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