Marisa Serrano
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Paranóia Urbana

Marisa Serrano


Me dá um nó na cabeça
Não sei se ponho, ou tiro meus pés do chão
Não reconheço o caminho
Às vezes penso que estou na mesma direção
Mas vejo meu amigo, estou só na contra-mão

Diversidades, impacto de uma cidade

Um rapaz sarado
Agachado ao pé do viaduto do Anhangabaú
Numa bica, onde outra lavava roupa outro dia
E esse faz a barba se olhando num espelho laranja
De um camelô, de um camelô
Numa ilha, perdida na vinte e três
Três muleques cheirando cola
Por debaixo de uma velha camiseta suja de escola
Descola o olhar, um retrato
De uma vitrine transparente, transparente

Mulambos pelas ruas,
Caras pálidas, ombros caídos colhendo vagas no chão
Não, não tenho nada, não vejo nada, não sonho nada, nada nos separa não

Diversidades, impacto de uma cidade

O que são, o que desejam ser?

Verdadeiros tumultos, grandes concentrações
Nos porões, no paredão, da pobreza
Nas noites escuras das ruas
Das favelas tomadas por facções,
Nas salas de exposições ou big-brother’s
Que alcançam “os bons”
Tv-paga, programações
Sons que não se ouvem
Vip’s, fantasias de cartões, exclusividade
Pergunte: onde está o verdadeiro líder?
Paranóia de uma babilônia
Somos tolos heróis urbanos (humanos)
Confortável, não é o espelho da vida
A violência não fica só no cinema não

Diversidades, impacto de uma cidade

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