Peço licença nessa hora Pra mostrar minha arte e minha dor Como tudo o que arte é sem pudor Eu coloco aqui minha alma para fora Pois o que eu farei agora É brincar com o que está no inconsciente É pegar tudo o que eu vejo em minha frente E depressa tentar metrificar E fazer o pensamento pensar Inconstitucionalissimamente
Pra buscar o que não está na memória É preciso atenção e paciência Ver o certo com desobediência E entender o mecanismo da história Eu vejo o ostracismo e a glória Se juntarem em perfeita comunhão Como Eva e a serpente de Adão Que nos deu o poder do pensamento Mas nos distanciou do Firmamento E do Artista que foi o nosso Artesão
A virtude está em ser virtuoso A verdade está em ser verdadeiro Na trapaça se enlaça um trapaceira Na mentira se esconde o mentiroso A respeito do Todo Poderoso Poder sempre é seguido de prazer Todo Prazeroso então devia ser Mas o prazer se alimenta na dor E assim como o frio busca o calor No inferno Deus busca se aquecer
Há um milhão e quarenta e três mil anos Que o Homem dá voltas pela Terra Procurando saber onde se encerra A divina comédia dos humanos No exato momento em que estamos A peleja é de Deus contra a ciência Provocando na fé uma decadência E na religião uma cirurgia Lhe extraindo o valor da liturgia Lhe provando o valor da experiência
Houve um tempo em que o visionário via Mulheres voando em vassouras De telhado em telhado ou em lavouras E dizia que era bruxaria Hoje o tempo é da tecnologia Onde o Homem criou o computador Mas o visionário perdurou Só que a bruxa não assusta mais nem criança Então ele diz com relutância O que eu vi era um disco voador
Quem nasce aqui é daqui Quem vem de lá é de fora Quem foi pra lá foi-se embora E eu estou aqui sem ter pra onde ir Pois mal quando eu bem te vi Fiquei foi pregado no chão Eu senti estancar o coração Eu senti o que sente quem ama Eu ardi foi de febre numa cama Em delírios com a tua visão
Compositor: Mauricio Simao de Moraes ECAD: Obra #4030985 Fonograma #1733899