Já não te vejo com bons olhos, mal te vejo Mas como fujo de mim mesma, às vezes finjo Com outros olhos quase cegos de desejo Desvendo atalhos no teu vesgo esconderijo.
E finjo ver além do olhar Alheia aos teus olhares Antevivendo o que nem será Clarividência tonta Em câmera lenta entrar no meu faz-de-conta Fazendo uma coisa certa Daquela maneira estulta Para quem sabe assim me encontrar Amando à queima roupa E já sem pestanejar com os olhos da outra.
Canso de escolher Ângulos de ser Pelas escotilhas dos meus olhos de mulher Mas se eu te disser Que é melhor não ter Olhos de mulher Quando vens me ver?
Entrando em cena sem me mostrar Meu coração dispara Não para de interpretar da boca pra fora E sigo trocando as falas Por cima das horas ralas Arquitetando um filme no ar Só de seqüências raras Que me poderá custar os olhos da cara.
Tento imaginar Outra direção Mitos em minutos vão do topo ao rés do chão Mas se eu te mostrar O meu coração Quando vais voltar Onde os sonhos dão?
Enquanto tento em vão te enxergar De uma improvável grua A minha desilusão desaba na tua Dançando numa penumbra O olho desacostuma Mas se a mentira enfim vislumbrar Uma verdade crua Aí só me restará o olho da rua.
Compositores: Carlos Althier de Souza Lemos Escobar (Guinga), Mauro Martins de Aguiar (Mou Aguiar) ECAD: Obra #3933832 Fonograma #1760328