No conceito de uma história ela não faz parte da palha É a paz que se espalha em mais um dia de batalha Hora do pequeno almoço, tudo em cima da toalha Mas é uma vida presa em cima do fio da navalha É uma pedra da muralha, que aguenta as de cima Rima que completa o verso, é voz que não desafina Na rotina de uma vida que domina uma sina Ela é sol que ilumina quando afastas a cortina É bonita e transmite ser uma mulher madura Atrás de uma vida dura, dura uma vida pura Mantém a postura meiga, ela não tem armadura Só segura na fotografia que tem na moldura Num decote sensual não se vê ouro nem prata Já vai longe aquela data Insegura mas sensata Veste a bata e trata da casa do magnata Despede-se com um beijo, ajeitando-lhe a gravata
Passam os dias e continuas à espera Que o tempo pare num intervalo que não tenha fim
Perdidos numa rotina de acção quase mecânica Abrir a cortina e acordar com mais orgânica e dinâmica Que dissipa o sofrimento Acelera o nosso tempo e traz envelhecimento Carregando um fardo que pesa como o cimento A vida já não tem cor, só impera o tom cinzento A vida já não tem som, nem a música do vento Só sentes o intervalo se viveres o teu momento Porque é o renascimento das cores que eram cinzento E fazem desconhecidos partilhar um só momento De intimidade separada pela rua E unida por uma pele que fica nua Mas a vida continua como sempre tem sido E volta tudo ao que esteve por momentos esquecido A melancolia que antes se tinha sentido E o barulho da porta a ferir o ouvido
Passam os dias e continuas à espera Que o tempo pare num intervalo que não tenha fim Que não tenha fim