A Vila da Cruz Alta
Ali onde nem sombra da cruz e da capela restara
Onde existia um pequeno arranchamento de casas
O tropeiro João José de Barros chegara
Terra de férteis pastagens e boas aguadas
Onde se estabeleceram os primeiros ranchos
Por falta de madeira abandonaram moradas
Quando a noite caía
E o mate de mão em mão
O velho tropeiro dizia:
"Lá no alto havia uma cruz"
Desbravadores a domar a terra e o gado
Em carretas de bois, duas léguas ao Sul
À custa do trabalho escravo ergueram povoado
O senhorio escravagista aqui assentado
No pastoreio, na agricultura
Nas concessões, sesmarias
Coronel Pilar fizera o primeiro traçado
Quando a noite caía
E o Minuano soprava com força
O velho tropeiro dizia:
"Lá no alto havia uma cruz"
Da derrubada dos bosques da futura Capoeira
Dos primeiros casarões na Praça da Matriz
Aos poucos a aldeia adquiria paisagem altaneira
O primeiro sobrado, a primeira olaria
As bodegas espalhadas na Rua das Carretas
A capela oficializara a fundação da freguesia
Quando a noite caía
E a saudade varava no peito
O velho tropeiro dizia:
"Lá no alto havia uma cruz"
À margem dos caminhos
Onde o homem branco tropeia
Espantando os índios e as feras das redondezas
Nas verdes savanas onde o gado pastoreia
A sinfonia dos galos a perturbar
O silêncio do prado
O Minuano cortante gemendo nas noites frias
Tingindo de terra vermelha o velho casario caiado
Quando a noite caía
Num manto de escuridão
O velho tropeiro dizia:
"Lá no alto havia uma cruz"
Compositores: Felipe Teixeira de Mello (Felipe Mello), Henrique Madeira
ECAD: Obra #41170907 Fonograma #46033214Ouça estações relacionadas a Mello e Madeira no Vagalume.FM