Fiz uma oração pedindo a santa hipocrisia Que me dê a sua bênção Pra que eu possa suportar Tantos elogios tolos, tanta zombaria Com sorrisos e aplausos Tudo pra me agradar
Acendi uma vela pra que a santa paciência Ilumine a consciência Do palhaço sonhador Que tanto se doa, que se dói e até voa No trapézio da inocência Neste circo do horror
Mas quem disse que o palhaço é figurante? Ele também é equilibrista Escreve, canta, é um artista E ainda paga de violonista Se você o desafiar!
Me ajoelhei no altar da santa ignorância Empatia e elegância É o que eu queria contemplar Quando percebi que o altar era o picadeiro Soube que o dono do circo Meu nariz queria usar
Costurar a lona na ausência do palhaço É um bom primeiro passo Pra ferir as emoções Palhaço devoto já não vive pressionado Mesmo assim será julgado Pelas suas ex-pressões
E o palhaço que também é ilusionista Já trocou o picadeiro Pelo palco e o terreiro Se o circo pegar fogo Ele não vai mais se queimar
Compositor: Joao Eugenio da Fonseca Neto (Joao Eugenio) ECAD: Obra #35092886 Fonograma #34006915