Era feliz no lar sossegado Mas o seu marido era rude e calado O duro olhar daquela criatura Nunca revelaram um pouquinho De ternura Mas nesse lar chegavam sempre Cartas de amor de um estranho Cartas cheias de poesia Que devolviam sua alegria
Quem escrevia cartas tão sinceras? Quem lhe falava tanto em primavera? Quem saberia o seu aniversário? E sem cartão dizendo o nome Lhe mandava um ramo de violetas
E ela sonha, ela imagina Como é esse alguém que tanto à estima Seria um jovem aquele audacioso Sorriso aberto, terno e carinhoso E sem saber sofre em silêncio Sem descobrir o amor secreto E vive assim quase esquecida Na ilusão de ser querida
E a cada tarde seu marido chega Cansado do trabalho Cansado e silencioso Não fala nada porque já sabe tudo Sabe também o que ela está pensando É ele quem lhe manda versos É seu amante, amor secreto Ela sorri sem saber nada Depois se entrega apaixonada
Quem escrevia cartas tão sinceras? Quem lhe falava tanto em primavera? Quem saberia o seu aniversário? E sem cartão dizendo o nome Lhe mandava um ramo de violetas