Seu Martins Vidal, eu moro no Lins e sou o tal Que há muito tempo exerço uma fiel profissão Eu não sou mais aquele antigo trapalhão
Esse otário foi roubado em Copacabana Há muito que eu não vou em cana E não saio de casa há mais de uma semana
Seu Zé, por favor, olhe a minha feição E diga aí pro doutor se sou o verdadeiro ladrão
O otário me olhou, me tornou a olhar Ficou encabulado, ficou meio encafifado Senti mão no meu ombro, um barulho de chaves e eu encanado
Vou apelar pr’ um magistrado porque um advogado, é, não adianta nada Pois há tempos atrás eu fui o Morengueira, o rei da trapalhada
Retratos e fichas tenho na Central, em todo lugar, Fiz, no duro, juro, muito chefe de família chorar
Mas hoje em dia, eis porque me desespero, Posso ver a maior galinha morta ali, não quero
Pinta brava como sou, sei o que acontece Quando a gente não se abre, não resolve Tem que assinar o processo, artigo 399
De repente uma voz, do Zé dos Anzóis, quase dou um acesso Chegou a hora fatal, vou assinar o meu mal, que injusto processo
Eu finjo não ouvir, mas o chafa me chama, me abate o coração, Meu Deus que horror, pela décima vez vou visitar a detenção
E entro na sala de investigação, o senhor pode ir embora Vi um homem em cana, era uma pinta bacana, o verdadeiro ladrão Vou me pirar desta pensão, comigo não.
Compositor: Wilson Baptista de Oliveira (Wilson Batista) ECAD: Obra #198249 Fonograma #10590743