Não chore ainda não Que eu tenho um violão E nós vamos cantar Felicidade aqui Pode passar e ouvir E se ela for de samba Há de querer ficar.
Seu padre, toca o sino Que é pra todo mundo saber Que a noite é criança Que o samba é menino Que a dor é tão velha Que pode morrer Olê olê olê olá Tem samba de sobra Quem sabe sambar Que entre na roda Que mostre o gingado Mas muito cuidado Não vale chorar.
Não chore ainda não Que eu tenho uma razão Pra você não chorar Amiga me perdoa Se eu insisto à toa Mas a vida é boa Para quem cantar.
Meu pinho, toca forte Que é pra todo mundo acordar Não fale da vida Nem fale da morte Tem dó da menina Não deixa chorar Olê olê olê olá Tem samba de sobra Quem sabe sambar Que entre na roda Que mostre o gingado Mas muito cuidado Não vale chorar.
Não chore ainda não Que eu tenho a impressão Que o samba vem aí E um samba tão imenso Que eu às vezes penso Que o próprio tempo Vai parar pra ouvir.
Luar, espere um pouco Que é pro meu samba poder chegar Eu sei que o violão Está fraco, está rouco Mas a minha voz Não cansou de chamar Olê olê olê olá Tem samba de sobra Ninguém quer sambar Não há mais quem cante Nem há mais lugar O sol chegou antes Do samba chegar Quem passa nem liga Já vai trabalhar E você, minha amiga Já pode chorar.
Compositor: Francisco Buarque de Hollanda (Chico Buarque) ECAD: Obra #5600 Fonograma #713753