Sou a Nalva Aguiar Na rima tenho capricho Cento e vinte baixos tem Esta gaita que eu espicho Nada me serve de estorvo Eu quebro a asa do corvo E acaba a fama do bicho
Eu sou o seu Teixeirinha Bom na rima e no gatilho Seis cordas de ouro tem O violão que eu dedilho Nada me causa transtorno Ferro quente eu deixo morno Depois que marco o novilho
Depois que marca o novilho Eu hoje estou em jejum Trovador pra me vencer No Brasil não tem nenhum Eu tenho fome de verso Vou viajar no universo Pra ver se lá encontro algum
Pra ver se lá encontra algum Não te cansa, eu não me canso Se tu sair viajando Eu vou atrás e te alcanço Come a comida que eu como Toma a bebida que eu tomo E a tua ideia eu balanço
A minha ideia balança Balança mas não destrói Meu verso é chapeado a ouro Nem o próprio rato rói Me destaco na pronúncia E o cantor pede renúncia Na hora que o peito dói
Na hora que o peito dói No verso sou estratégio Pra vencer quem canta bem Deus me deu o privilégio Tu rimas bem, eu enxergo Mas a fama que eu envergo Não foi buscada em colégio
Não foi buscada em colégio Deus te deu pra usufruir Mas com toda esta virtude Não faz eu me redimir Minha ideia ninguém furta E deixo de língua curta Quem falar de mim ou rir
Quem falar de ti ou rir Eu não vou rir, mas eu zombo Quanto mais alta a mulher Maior ainda é o tombo Tua pimenta não arde Espere logo mais tarde Teu lindo quarto eu arrombo
Meu lindo quarto arromba Voltaste a estaca zero Como podes fazer isso Sem saber se eu te quero Pensei ser um homem fino Mas não passa de um cretino Com a tranca na mão te espero
Com a tranca na mão me espera Não querida, não te inflama Sou um cavalheiro fino Respeito muito uma dama Só vou matar uma cobra Que anda fazendo manobra Debaixo da tua cama
Debaixo da minha cama Credo em cruz, é cascavel Tome a chave e não arromba Cumpra o teu lindo papel Desculpe, eu pensei errado É que não foram beijados Os meus lindos lábios de mel
Teus lindos lábios de mel Pronto, a cobra já está morta Não tenhas medo, meu bem Sai daí de trás da porta Viste, eu sou um fino homem Mas agora estou com fome Só o teu mel me conforta
Só o meu mel te conforta Não sei, estou tão confusa Quem sabe tu falas mais Qual o perfume que usa Eu acho que fiquei louca Come o mel da minha boca Mas jura que não abusa
Eu juro que não abuso Eu também sou virgilino Ouço a voz do delegado O padre, a igreja e o sino Dá mais mel que mel gostoso Chegou o velho furioso O que que é isso menino?
O que que é isso menino? Deixa que o velho eu seguro Agora me apaixonei ("Querido, te amo, eu juro") Irás comer o meu mel Mas tem que ser no papel Não vai ser de trás do muro
Então resta agora o casamento Em lua de mel eu parto Quando nós chegar na lua De comer mel estou farto O favo tem mel de sobra Azar, eu matei a cobra E entrei de sócio no quarto
Compositor: Vitor Mateus Teixeira (Teixeirinha) ECAD: Obra #693418 Fonograma #391985