Lá de longe Vieram promessas de outros tempos Pressas de um povo que encontrava o que buscou
Lá de longe Vieram promessas, regressas pressas Que varreram o chão vermelho em que eu nasci
E em cada palmo que fincavam seus dormentes Rios secando, pau caindo, choro curumim
Lá vem ele que desce a montanha E sobe muitos rios E vem pra lhe dizer Que vento vai soprar Vento soprei
Eu sou a voz da resistência Sou o vento que soprou
Água vai correr
Mais que o tempo vai correr Mais que a pressa vai correr Mais que o vento vai correr Mais que a chuva vai correr
Eu não vou permitir que se finque Outra cruz neste chão Não senhor Porque meu senhor Toda fauna veio me dizer Que essa canoa vai virar Moinho vai girar E vento vai soprar Canoa vai rodar E tempo vai passar Canoa vai virar E a roda vai girar Água vai correr
Firma teu corpo no centro Da gravidade e atento Segue teu rumo
Bate com as mãos no teu peito Sente o amor que é feito Segue teu rumo
Bate teus pés nessa terra Sente o calor dessa terra Ta te chamando
Posta teus dedos no rosto Escorre teus dedos no corpo És água e fogo
Volta em paz pra tua terra Não há pecado nem guerra Só, o Sol, e a Lua
Volta em paz pro teu centro Da gravidade e atento Segue teu rumo, filho do vento
Segue teu rumo firme Haira Haira Haira Haira Haira ê ê ê ê ê