Após anos de espera, finalmente os brasileiros vão poder conferir um show do Radiohead, provavelmente a banda mais importante a surgir no rock desde o Nirvana.
Com quase 15 anos de estrada, o grupo de Thom Yorke sempre buscou novos caminhos dentro de sua música. Apesar de manter a mesma formação desde o início com os irmãos Colin e Jonny Greenwood no baixo e guitarra respectivamente, mais o guitarrista Ed O' Brien e Phillip Selway, bateria (além de Yorke, claro), pouca coisa sobrou da banda que lançou seu primeiro disco em 1993.
Os Shows
A turnê que chega ao Brasil já teve 50 shows ao redor do mundo. Neles foram tocadas 56 canções, com os setlists mudando todas as noites.
In Rainbows será ouvido na íntegra ou quase e nenhuma música mais antiga tem presença garantida.
Os dois shows no México que abriram a perna Latino-americana da turnê, tiveram 25 músicas e nada menos que 36 canções diferentes foram tocadas.
Se você vai na Apotesose ou na Chácara do Jockey só resta torcer para que a sua favorita não fique de fora.
E não se esqueça de chegar cedo para conferir o show dos Los Hermanos que deram uma pausa no recesso só para esses shows e também os alemães do Kraftwerk, a banda de música eletrônica mais importante da história.
Logo abaixo o Vagalume traça um perfil da banda através de sua discografia.
Pablo Honey - 1993
A estreia do quinteto de Oxford se deu num período um tanto complicado para o rock inglês, que então se via dominado pelo Grunge vindo da América.
A banda também era vista com certa desconfiança por nunca ter passado por um selo independente.
Assim, Pablo Honey foi tratado com indiferença de público e crítica quando foi lançado.
Tudo mudou quando Creep acabou se tornando um improvável sucesso na América dando um impulso razoável para a banda.
Ainda assim em casa as coisas continuavam mornas, afinal os ingleses costumam olhar torto para grupos que estouram primeiro nos Estados Unidos e porque a se julgar pelo simpático, porém irregular, Pablo Honey seria mais certo apostar que estávamos distante de uma banda de um só sucesso e nunca dos caras que redifiniriam o rock da década de 90.
The Bends - 1995
Era claro que o Radiohead que entrou em estúdio para fazer seu segundo disco estava um tanto apreensivo. Os períodos de gravação foram marcados por ânimos acirrados e muita insegurança.
Aos poucos as coisas começaram a entrar nos eixos e assim que saiu The Bends foi aclamado unanimemente pela crítica que começou a chamá-los de "próximo U2".
Na verdade com um certo exagero, porque se na Inglaterra o disco chegou ao top 5, nos Estados Unidos The Bends amargou um 88° lugar no seu lançamento.
Mas esse era um disco fadado a ser descoberto aos poucos e assim o público foi assimilando High and Dry, Just, e principalmente Fake Plastic Trees.
Ao lançar um disco com doses exatas de pop e rock, barulho e calmaria além das letras existenciais e a melancolia que sempre permeou o trabalho da banda, o Radiohead garantiu pelo menos a certeza de ter feito um grande álbum para o rock dos anos 90.
Mas o futuro reservava mais para eles.
Ok Computer - 1997
Ok Computer diferentemente de seus antecessores, foi lançado sob enorme expectativa. Boatos davam conta de que uma obra-prima estava a caminho e quando os seis minutos de Paranoid Android foram ouvidos, a certeza se concretizou.
Ok Computer foi não só elogiado como tratado como clássico instantâneo assim que foi lançado (teve até leitor de revista considerando o álbum o melhor de todos os tempos).
Como sempre ocorre nesses casos Ok computer soava estranho nas primeiras audições com seus efeitos sonoros , músicas não lineares, letras de difícil compreensão e o clima claustrofóbico. Mas esse experimentalismo todo não encobria um talento inegável para a criação de melodias marcantes como No Surprises, Karma Police e Lucky.
A partir daí ficou claro que se tinha alguém capaz de levar o rock a um novo passo evolutivo era o Radiohead.
Kid A - 2000
Com a chegada do novo milênio e das novas tecnologias o Radiohead teria que ter um papel fundamental nesse universo. A banda saudou o ano 2000 com Kid A, seguramente o disco mais estranho a ter chegado ao topo das paradas.
Para quem esperava mais baladas épicas ou músicas para cantar junto, nada feito. Kid A era abstrato ao extremo. Quase todos os instrumentos e vozes foram filtrados por efeitos, causando uma sensação de desconforto no ouvinte para dizer o mínimo.
A crítica mesmo sem ter entendido muito aonde eles queriam ir abraçou a causa e cobriu quase que unanimemente o álbum de elogios.
Com algumas audições porém as faixas perdiam sua hermeticidade e faixas como Everything In Its Right Place e especialmente Idioteque.
hoje são tão admirdas quanto os velhos hits dos discos anteriores.
Mais importante porém é o fato de que esse foi um dos primeiros discos a ser baixados em massa pela internet.
Amnesiac - 2001
Espécie de sequência de Kid A, composto pelo material que não entrou naquele álbum, Amnesiac é um pouco mais palatável que seu "irmão mais velho" e está longe de ser um mero disco de sobras como pode parecer à primeira vista.
O clima de estranheza continua, mas o lado pop da banda volta a aparecer, ainda que sutilmente e desse álbum foi possível tirar alguns singles como Knives Out ou I Might Be Wrong.
Hail to the Thief - 2003
Em Hail to the Thief ficou óbvio que a sonoridade de discos como The Bends não voltaria mais e que quem quisesse algo no estilo faria melhor em procurar em outro lugar. Muitos o fizeram, vide a ascenção do Coldplay ou Snow Patrol.
Já o Radiohead continuou a sua trilha rumo ao estranho, apesar das guitarras mais proeminentes.
Hoje tido como um disco menor da banda tanto que fora There There quase nada dele aparece na nova turnê.
In Rainbows - 2007
Ou de como ir do 8 ao 80. Se Hail to the Thief foi lançado com sistema de proteção anti-cópias, para seu disco seguinte o Radiohead resolveu fazer não só barulho como história.
Livres do contrato com a EMI e notando que para uma banda da posição deles uma grande gravadora não era mais necessária, eles decidiram lançar In Rainbows primeiro em forma de download e que o ouvinte é quem decidiria o quanto iria pagar por ele.
Apesar de muitos terem preferido não gastar nada, milhares de pessoas desembolsaram algo pelo álbum (fora os que optaram pela edição de luxo, esta com preço bem salgado).
Resultaldo? O grupo lucrou bem mais do que se tivesse lançado o álbum da forma tradicional.
No começo de 2008 In Rainbows saiu em cd e chegou ao primeiro lugar das paradas, colocando mais dúvidas em cima de certas "verdades absolutas" do tipo "quem baixa disco não compra o cd".
Com essa discussão toda, a música acabou em segundo plano. Mas ainda que haja discordâncias, este é provavelmente o melhor disco deles desde Ok Computer. Vide faixas como 15 Step e Faust Arp.
Com quase 15 anos de estrada, o grupo de Thom Yorke sempre buscou novos caminhos dentro de sua música. Apesar de manter a mesma formação desde o início com os irmãos Colin e Jonny Greenwood no baixo e guitarra respectivamente, mais o guitarrista Ed O' Brien e Phillip Selway, bateria (além de Yorke, claro), pouca coisa sobrou da banda que lançou seu primeiro disco em 1993.
Os Shows
A turnê que chega ao Brasil já teve 50 shows ao redor do mundo. Neles foram tocadas 56 canções, com os setlists mudando todas as noites.
In Rainbows será ouvido na íntegra ou quase e nenhuma música mais antiga tem presença garantida.
Os dois shows no México que abriram a perna Latino-americana da turnê, tiveram 25 músicas e nada menos que 36 canções diferentes foram tocadas.
Se você vai na Apotesose ou na Chácara do Jockey só resta torcer para que a sua favorita não fique de fora.
E não se esqueça de chegar cedo para conferir o show dos Los Hermanos que deram uma pausa no recesso só para esses shows e também os alemães do Kraftwerk, a banda de música eletrônica mais importante da história.
Logo abaixo o Vagalume traça um perfil da banda através de sua discografia.
Pablo Honey - 1993
A estreia do quinteto de Oxford se deu num período um tanto complicado para o rock inglês, que então se via dominado pelo Grunge vindo da América.
A banda também era vista com certa desconfiança por nunca ter passado por um selo independente.
Assim, Pablo Honey foi tratado com indiferença de público e crítica quando foi lançado.
Tudo mudou quando Creep acabou se tornando um improvável sucesso na América dando um impulso razoável para a banda.
Ainda assim em casa as coisas continuavam mornas, afinal os ingleses costumam olhar torto para grupos que estouram primeiro nos Estados Unidos e porque a se julgar pelo simpático, porém irregular, Pablo Honey seria mais certo apostar que estávamos distante de uma banda de um só sucesso e nunca dos caras que redifiniriam o rock da década de 90.
The Bends - 1995
Era claro que o Radiohead que entrou em estúdio para fazer seu segundo disco estava um tanto apreensivo. Os períodos de gravação foram marcados por ânimos acirrados e muita insegurança.
Aos poucos as coisas começaram a entrar nos eixos e assim que saiu The Bends foi aclamado unanimemente pela crítica que começou a chamá-los de "próximo U2".
Na verdade com um certo exagero, porque se na Inglaterra o disco chegou ao top 5, nos Estados Unidos The Bends amargou um 88° lugar no seu lançamento.
Mas esse era um disco fadado a ser descoberto aos poucos e assim o público foi assimilando High and Dry, Just, e principalmente Fake Plastic Trees.
Ao lançar um disco com doses exatas de pop e rock, barulho e calmaria além das letras existenciais e a melancolia que sempre permeou o trabalho da banda, o Radiohead garantiu pelo menos a certeza de ter feito um grande álbum para o rock dos anos 90.
Mas o futuro reservava mais para eles.
Ok Computer - 1997
Ok Computer diferentemente de seus antecessores, foi lançado sob enorme expectativa. Boatos davam conta de que uma obra-prima estava a caminho e quando os seis minutos de Paranoid Android foram ouvidos, a certeza se concretizou.
Ok Computer foi não só elogiado como tratado como clássico instantâneo assim que foi lançado (teve até leitor de revista considerando o álbum o melhor de todos os tempos).
Como sempre ocorre nesses casos Ok computer soava estranho nas primeiras audições com seus efeitos sonoros , músicas não lineares, letras de difícil compreensão e o clima claustrofóbico. Mas esse experimentalismo todo não encobria um talento inegável para a criação de melodias marcantes como No Surprises, Karma Police e Lucky.
A partir daí ficou claro que se tinha alguém capaz de levar o rock a um novo passo evolutivo era o Radiohead.
Kid A - 2000
Com a chegada do novo milênio e das novas tecnologias o Radiohead teria que ter um papel fundamental nesse universo. A banda saudou o ano 2000 com Kid A, seguramente o disco mais estranho a ter chegado ao topo das paradas.
Para quem esperava mais baladas épicas ou músicas para cantar junto, nada feito. Kid A era abstrato ao extremo. Quase todos os instrumentos e vozes foram filtrados por efeitos, causando uma sensação de desconforto no ouvinte para dizer o mínimo.
A crítica mesmo sem ter entendido muito aonde eles queriam ir abraçou a causa e cobriu quase que unanimemente o álbum de elogios.
Com algumas audições porém as faixas perdiam sua hermeticidade e faixas como Everything In Its Right Place e especialmente Idioteque.
hoje são tão admirdas quanto os velhos hits dos discos anteriores.
Mais importante porém é o fato de que esse foi um dos primeiros discos a ser baixados em massa pela internet.
Amnesiac - 2001
Espécie de sequência de Kid A, composto pelo material que não entrou naquele álbum, Amnesiac é um pouco mais palatável que seu "irmão mais velho" e está longe de ser um mero disco de sobras como pode parecer à primeira vista.
O clima de estranheza continua, mas o lado pop da banda volta a aparecer, ainda que sutilmente e desse álbum foi possível tirar alguns singles como Knives Out ou I Might Be Wrong.
Hail to the Thief - 2003
Em Hail to the Thief ficou óbvio que a sonoridade de discos como The Bends não voltaria mais e que quem quisesse algo no estilo faria melhor em procurar em outro lugar. Muitos o fizeram, vide a ascenção do Coldplay ou Snow Patrol.
Já o Radiohead continuou a sua trilha rumo ao estranho, apesar das guitarras mais proeminentes.
Hoje tido como um disco menor da banda tanto que fora There There quase nada dele aparece na nova turnê.
In Rainbows - 2007
Ou de como ir do 8 ao 80. Se Hail to the Thief foi lançado com sistema de proteção anti-cópias, para seu disco seguinte o Radiohead resolveu fazer não só barulho como história.
Livres do contrato com a EMI e notando que para uma banda da posição deles uma grande gravadora não era mais necessária, eles decidiram lançar In Rainbows primeiro em forma de download e que o ouvinte é quem decidiria o quanto iria pagar por ele.
Apesar de muitos terem preferido não gastar nada, milhares de pessoas desembolsaram algo pelo álbum (fora os que optaram pela edição de luxo, esta com preço bem salgado).
Resultaldo? O grupo lucrou bem mais do que se tivesse lançado o álbum da forma tradicional.
No começo de 2008 In Rainbows saiu em cd e chegou ao primeiro lugar das paradas, colocando mais dúvidas em cima de certas "verdades absolutas" do tipo "quem baixa disco não compra o cd".
Com essa discussão toda, a música acabou em segundo plano. Mas ainda que haja discordâncias, este é provavelmente o melhor disco deles desde Ok Computer. Vide faixas como 15 Step e Faust Arp.