Brasília hoje faz cinquenta anos. Já sua cena roqueira é alguns anos mais jovem. Afinal foi preciso o surgimento de uma primeira geração de adolescentes, nativos ou não, para que o rock de Brasília nascesse de fato. Claro que a Beatlemania e a Jovem-guarda não passaram despercidos pelo Cerrado, e nos anos 60 vários grupos apareceram pela cidade. Alguns conseguiram sucesso local, outros até gravaram (Os Quadradões foram os primeiros a lançar um disco independente no Distrito Fedral por exemplo) e todos, sem exceção foram esquecidos pelo tempo.
As coisas começaram a esquentar mesmo na segunda metade dos anos 70, quando os ventos da liberdade política (a anistia dos presos políticos) e musical (o punk rock) começaram a soprar . O catalisador da nascente cena brasiliense foi um moleque chamado Renato Manfredini Júnior. Nascido em 1960 no Rio de Janeiro ele chegou em Brasília 13 anos depois, não sem antes passar um tempo em Nova York (seu pai trabalhava no Banco do Brasil) e já fissurado em rock. Foi Manfredini quem formou o Aborto Elétrico, a primeira banda punk da cidade, e uma das primeiras do país, em 1978 e criou o estopim para que outros jovens também virassem músicos, ou ao menos começassem a criar uma vida cultural em Brasília. Ah sim, Manfredini logo trocaria seu sobrenome para Russo.
O Aborto Elétrico durou pouco e não deixou nenhuma gravação, além de registros amadores, mas deixou um grande legado, já que seus membros formaram posteriormente a Legião Urbana e o Capital Inicial e o surgimento deles ajudou no surgimento de outros grupos, alguns famosos como a Plebe Rude e outros com grande fama cult, caso do Escola de Escândalo, tida como a "grande banda perdida" do rock brasiliense. Várias canções do Aborto posteriormente viraram hits com Legião (Que País é Esse?) e Capital (Música Urbana e Fátima). Esses últimos registraram em disco as canções da banda em 2005 quando o grande público finalmente conheceu canções há muito faladas mas pouco, ou nunca, ouvidas como Anúncio de Refrigerante.
Com o estouro da Legião Urbana , Plebe Rude e Capital Inicial no meio dos anos 80 as gravadoras foram atrás de mais bandas do planalto. Mas pouco, ou nada aconteceu com gente como Finnis Africae ou Arte no Escuro e Detrito Federal. Ainda nos anos 80 vale uma menção ao Obina Shok. Esse grupo formado por brasileiros e estrangeiros filhos de diplomatas que trabalhavam na cidade ao lado dos Paralamas do Sucesso, foram pioneiros no uso de elementos de música africana no rock brasileiro. Por falar nos Paralamas, é bom lembrar que no começo muitos pensaram que eles eram de lá, já que seus integrantes se conheceram na capital fedreal. Mas a importância deles para a cena é enorme, já que o primeiro disco do grupo de Herbert Vianna trazia uma cover de Química e uma parceria Herbert/Renato Russo O Que Eu Não Disse. Herbert também produziu a estreia da Plebe Rude.
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A década de 90 foi boa para o pop Brasiliense com revelações no rock, Raimundos, reggae, Natiruts e mesmo na MPB, afinal Zélia Duncan pode ser carioca, mas assim como Renato Russo também cresceu e inciou a carreira na cidade. Entre os grupos que quase chegaram lá vale lembrar o Little Quail and the Mad Birds. Esses lançaram disco pelo selo banguela dos Titãs, o mesmo que revelou os Raimundos mas logo acabaram, com o líder Gabriel Tomáz formando em seguida o Autoramas. Outro grupo que também assinou com o Banguela foi o Maskavo Roots, que tocou bastante na MTV no meio dos anos 90. Após várias mudanças na formação eles passaram a se chamar apenas Maskavo e seguem fortes na cena reggae brasileira.
O novo século trouxe mais bandas para a cena nacional. Algumas seguem fortes no cenário indie, caso dos Sapatos Bicolores, enquanto outras vão chegando ao grande público como os Móveis Coloniais de Acaju.
Quer ouvir alguns hits e canções obscuras do rock brasiliense? Então confira a playlist que fizemos para celebrar os cinquenta anos de Brasília aqui.
As coisas começaram a esquentar mesmo na segunda metade dos anos 70, quando os ventos da liberdade política (a anistia dos presos políticos) e musical (o punk rock) começaram a soprar . O catalisador da nascente cena brasiliense foi um moleque chamado Renato Manfredini Júnior. Nascido em 1960 no Rio de Janeiro ele chegou em Brasília 13 anos depois, não sem antes passar um tempo em Nova York (seu pai trabalhava no Banco do Brasil) e já fissurado em rock. Foi Manfredini quem formou o Aborto Elétrico, a primeira banda punk da cidade, e uma das primeiras do país, em 1978 e criou o estopim para que outros jovens também virassem músicos, ou ao menos começassem a criar uma vida cultural em Brasília. Ah sim, Manfredini logo trocaria seu sobrenome para Russo.
O Aborto Elétrico durou pouco e não deixou nenhuma gravação, além de registros amadores, mas deixou um grande legado, já que seus membros formaram posteriormente a Legião Urbana e o Capital Inicial e o surgimento deles ajudou no surgimento de outros grupos, alguns famosos como a Plebe Rude e outros com grande fama cult, caso do Escola de Escândalo, tida como a "grande banda perdida" do rock brasiliense. Várias canções do Aborto posteriormente viraram hits com Legião (Que País é Esse?) e Capital (Música Urbana e Fátima). Esses últimos registraram em disco as canções da banda em 2005 quando o grande público finalmente conheceu canções há muito faladas mas pouco, ou nunca, ouvidas como Anúncio de Refrigerante.
Vini GoulartMóveis Coloniais de Acaju, a força da nova geração
Com o estouro da Legião Urbana , Plebe Rude e Capital Inicial no meio dos anos 80 as gravadoras foram atrás de mais bandas do planalto. Mas pouco, ou nada aconteceu com gente como Finnis Africae ou Arte no Escuro e Detrito Federal. Ainda nos anos 80 vale uma menção ao Obina Shok. Esse grupo formado por brasileiros e estrangeiros filhos de diplomatas que trabalhavam na cidade ao lado dos Paralamas do Sucesso, foram pioneiros no uso de elementos de música africana no rock brasileiro. Por falar nos Paralamas, é bom lembrar que no começo muitos pensaram que eles eram de lá, já que seus integrantes se conheceram na capital fedreal. Mas a importância deles para a cena é enorme, já que o primeiro disco do grupo de Herbert Vianna trazia uma cover de Química e uma parceria Herbert/Renato Russo O Que Eu Não Disse. Herbert também produziu a estreia da Plebe Rude.
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DivulgaçãoA Plebe Rude em sua nova formação
A década de 90 foi boa para o pop Brasiliense com revelações no rock, Raimundos, reggae, Natiruts e mesmo na MPB, afinal Zélia Duncan pode ser carioca, mas assim como Renato Russo também cresceu e inciou a carreira na cidade. Entre os grupos que quase chegaram lá vale lembrar o Little Quail and the Mad Birds. Esses lançaram disco pelo selo banguela dos Titãs, o mesmo que revelou os Raimundos mas logo acabaram, com o líder Gabriel Tomáz formando em seguida o Autoramas. Outro grupo que também assinou com o Banguela foi o Maskavo Roots, que tocou bastante na MTV no meio dos anos 90. Após várias mudanças na formação eles passaram a se chamar apenas Maskavo e seguem fortes na cena reggae brasileira.
O novo século trouxe mais bandas para a cena nacional. Algumas seguem fortes no cenário indie, caso dos Sapatos Bicolores, enquanto outras vão chegando ao grande público como os Móveis Coloniais de Acaju.
Quer ouvir alguns hits e canções obscuras do rock brasiliense? Então confira a playlist que fizemos para celebrar os cinquenta anos de Brasília aqui.