Se formos a fundo na história descobriremos que desde pelo menos o século X já tínhamos cantores e compositores fazendo a crônica de sua época através de suas canções. Na música pop o termo "singer-songwriter" começou a ser mais usado em meados dos anos 70 quando uma série de artistas começaram a despontar nas paradas. A grande maioria deles foi bastante influenciado por Bob Dylan que dentro do rock sempre será o primeiro nome a ser lembrado.
Dylan na verdade já se via como continuador de uma linhagem que vinha de cantores de folk e blues que vagavam pela América há anos como Woody Guthrie e Leadbelly. A diferença é que ele nasceu em um época mais propícia para a difusão de sua mensagem com a renovação do cenário folk no começo dos anos 60 e, mais tarde, com o rock se tornando uma forma, digamos, respeitável, de manifestação. Listamos aqui cinco discos considerados clássicos nesse idioma focando nos anos 60 e 70. Futuramente falaremos dos nomes posteriores já que desde então o pop sempre nos deu um grande número de artistas que se aventuraram nesse idioma.
The Frewheelin' Bob Dylan - 1963 - Lançado no auge do revival do folk e num momento considerado morno para o rock, foi o disco que revelou Dylan. Aqui estão canções que milhares de jovens e futuros músicos ouviram até a exaustão. Músicas que foram regravadas, declamadas em passeatas e que em alguns casos se tornaram tão comuns que parecem até de domínio público como é o caso de Blowin' In The Wind. Aqui o cantor ainda não tinha "se vendido" ao rock e tudo que existe para acompanhar as letras que variam do protesto ao romantismo com uma pitada de surrealismo e alta poesia é um violão e uma gaita. Aos ouvidos não treinados a audição pode não ser das mais agradáveis (nesse caso talvez valha começar com algum disco posterior como "Highway 61 Revisited" ou "Blood on the Tracks") mas, creiam, vale a pena insistir.
Songs of Leonard Cohen - 1968 - Cohen estava longe de ser um garoto quando gravou seu primeiro disco já aos 33 anos. Não que ele tenha esperado todo esse tempo para aparecer. Antes ele se dedicava exclusivamente à literatura até descobrir que se colocasse melodias em seus poemas eles provavelmente alcançariam mais pessoas e, obviamente, seu trabalho seria melhor recompensado. Sendo assim, Cohen é muito mais um artista de texto que de música. Homem de poucos discos, ele passa meses burilando suas letras, Cohen é muito mais que o autor de Hallelujah, como esse disco confirma. Aqui também é o caso de precisar de um pouco de paciência, para entrar no universo do cantor, conhecido pela sua voz extremamente grave e por vezes monótona. Mas ele não é o patrimônio que se tornou hoje em dia por acaso.
After the Goldrush - Neil Young - 1970 - A era de ouro dos singers-songwriters foi o início dos anos 70, quando o público buscou refúgio nas canções delicadas e confessionais de gente como James Taylor, Carole King e Jackson Browne. O canadense Neil Young é um caso a parte. Nos últimos quatro anos ele já tinha sido membro do Buffalo Springfield e lançado dois discos radicalmente diferentes. A soma de seu sobrenome ao de Crosby Stills and Nash resultou em uma das maiores bandas da época. Mas Young nunca foi um cara de "equipe" e no mesmo ano em que o CSNY lançou seu primeiro disco ele soltou "After the Goldrush", um álbum calmo, mas que também pega pesado. Ele preparou o terreno para o trabalho seguinte do músico, o megaplatinado "Harvest" que deu sequência a uma das carreiras mais imprevisíveis do rock.
Bryter Layter - Nick Drake - 1970 - Para não ficarmos só nos EUA, lembramos desse misterioso inglês morto aos 26 anos, vitimado por uma overdose de medicamentos, ainda se discute se acidental ou não. Drake deixou apenas três discos e mais um punhado de canções inéditas. Vale conhecer todos eles, mas o segundo é a melhor opção. Lançado entre o sóbrio "Five Leaves Left" e o ultra depressivo "Pink Moon", "Bryter Layter" talvez seja o álbum mais "para cima" dele. Se no disco anterior o cantor tinha o acompanhamento de um violoncelo e no posterior nem isso, aqui Drake conta com o apoio de grandes músicos para dar mais cor às suas canções. Apesar das poucas vendas, o dono da Island, Chris Blackwell, que também acreditou em Bob Marley e U2 sempre deixou os discos em catálogo na Inglaterra, mantendo assim o seu legado vivo.
Born to Run - Bruce Springsteen - 1975 - O estranho no ninho desse grupo. Em 1975 o rock passava por mais uma fase de incertezas e muita gente buscava desesperadamente por algo novo. Esse algo surgiu na forma de Springsteen. Um cara comum, novo e que parecia acreditar piamente no poder transformador do rock 'n roll de um jeito que nenhum dos grandes artistas da época parecia crer. Bruce criou sua fama nos palcos onde não raro cantava por horas a fio, mas seus discos não emplacavam. "Born to Run" foi feito no desespero, já que a gravadora não iria aturar outro fracasso. Springsteen criou então essa obra prima com arranjos bombásticos e letras no espírito da geração beat de pôr o pé na estrada e sair para a vida. Deu muito certo - ele foi capa na mesma semana da Time e Newsweek - e sedimentou a sua carreira que atingiu níveis estratosféricos na década de 80.
Dylan na verdade já se via como continuador de uma linhagem que vinha de cantores de folk e blues que vagavam pela América há anos como Woody Guthrie e Leadbelly. A diferença é que ele nasceu em um época mais propícia para a difusão de sua mensagem com a renovação do cenário folk no começo dos anos 60 e, mais tarde, com o rock se tornando uma forma, digamos, respeitável, de manifestação. Listamos aqui cinco discos considerados clássicos nesse idioma focando nos anos 60 e 70. Futuramente falaremos dos nomes posteriores já que desde então o pop sempre nos deu um grande número de artistas que se aventuraram nesse idioma.
The Frewheelin' Bob Dylan - 1963 - Lançado no auge do revival do folk e num momento considerado morno para o rock, foi o disco que revelou Dylan. Aqui estão canções que milhares de jovens e futuros músicos ouviram até a exaustão. Músicas que foram regravadas, declamadas em passeatas e que em alguns casos se tornaram tão comuns que parecem até de domínio público como é o caso de Blowin' In The Wind. Aqui o cantor ainda não tinha "se vendido" ao rock e tudo que existe para acompanhar as letras que variam do protesto ao romantismo com uma pitada de surrealismo e alta poesia é um violão e uma gaita. Aos ouvidos não treinados a audição pode não ser das mais agradáveis (nesse caso talvez valha começar com algum disco posterior como "Highway 61 Revisited" ou "Blood on the Tracks") mas, creiam, vale a pena insistir.
Songs of Leonard Cohen - 1968 - Cohen estava longe de ser um garoto quando gravou seu primeiro disco já aos 33 anos. Não que ele tenha esperado todo esse tempo para aparecer. Antes ele se dedicava exclusivamente à literatura até descobrir que se colocasse melodias em seus poemas eles provavelmente alcançariam mais pessoas e, obviamente, seu trabalho seria melhor recompensado. Sendo assim, Cohen é muito mais um artista de texto que de música. Homem de poucos discos, ele passa meses burilando suas letras, Cohen é muito mais que o autor de Hallelujah, como esse disco confirma. Aqui também é o caso de precisar de um pouco de paciência, para entrar no universo do cantor, conhecido pela sua voz extremamente grave e por vezes monótona. Mas ele não é o patrimônio que se tornou hoje em dia por acaso.
After the Goldrush - Neil Young - 1970 - A era de ouro dos singers-songwriters foi o início dos anos 70, quando o público buscou refúgio nas canções delicadas e confessionais de gente como James Taylor, Carole King e Jackson Browne. O canadense Neil Young é um caso a parte. Nos últimos quatro anos ele já tinha sido membro do Buffalo Springfield e lançado dois discos radicalmente diferentes. A soma de seu sobrenome ao de Crosby Stills and Nash resultou em uma das maiores bandas da época. Mas Young nunca foi um cara de "equipe" e no mesmo ano em que o CSNY lançou seu primeiro disco ele soltou "After the Goldrush", um álbum calmo, mas que também pega pesado. Ele preparou o terreno para o trabalho seguinte do músico, o megaplatinado "Harvest" que deu sequência a uma das carreiras mais imprevisíveis do rock.
Bryter Layter - Nick Drake - 1970 - Para não ficarmos só nos EUA, lembramos desse misterioso inglês morto aos 26 anos, vitimado por uma overdose de medicamentos, ainda se discute se acidental ou não. Drake deixou apenas três discos e mais um punhado de canções inéditas. Vale conhecer todos eles, mas o segundo é a melhor opção. Lançado entre o sóbrio "Five Leaves Left" e o ultra depressivo "Pink Moon", "Bryter Layter" talvez seja o álbum mais "para cima" dele. Se no disco anterior o cantor tinha o acompanhamento de um violoncelo e no posterior nem isso, aqui Drake conta com o apoio de grandes músicos para dar mais cor às suas canções. Apesar das poucas vendas, o dono da Island, Chris Blackwell, que também acreditou em Bob Marley e U2 sempre deixou os discos em catálogo na Inglaterra, mantendo assim o seu legado vivo.
Born to Run - Bruce Springsteen - 1975 - O estranho no ninho desse grupo. Em 1975 o rock passava por mais uma fase de incertezas e muita gente buscava desesperadamente por algo novo. Esse algo surgiu na forma de Springsteen. Um cara comum, novo e que parecia acreditar piamente no poder transformador do rock 'n roll de um jeito que nenhum dos grandes artistas da época parecia crer. Bruce criou sua fama nos palcos onde não raro cantava por horas a fio, mas seus discos não emplacavam. "Born to Run" foi feito no desespero, já que a gravadora não iria aturar outro fracasso. Springsteen criou então essa obra prima com arranjos bombásticos e letras no espírito da geração beat de pôr o pé na estrada e sair para a vida. Deu muito certo - ele foi capa na mesma semana da Time e Newsweek - e sedimentou a sua carreira que atingiu níveis estratosféricos na década de 80.