Por Leandro Saueia
Quem acompanha o noticário pop internacional, especialmente o inglês, e viu a comoção causada pela volta dos Stone Roses talvez não tenha entendido muito porque tanta celebração. Ainda mais se você tem menos de 30 anos.
Mas se por aqui e nos Estados Unidos o grupo nunca foi além de uma banda cultuada por anglófilos e indies, na Inglaterra o grupo ajudou a fazer uma pequena revolução, tanto que ainda hoje 22 anos após o lançamento de seu primeiro álbum, ela continua dando frutos.
Não a toa a mítica da banda só cresceu nesse tempo, ainda mais porque os integrantes viviam dizendo que uma volta era impossível.
Por causa disso os promotores sempre disseram que um retorno deles poderia render tanto quanto uma volta de outras "bandas dos sonhos" como os Smiths e até mesmo o Pink Floyd ou o Led Zepellin. Algo que as vendas de ingressos confirmam. Os primeiros dois shows anunciados se esgotaram em questão de minutos. Um terceiro foi então confirmado e em menos de 15 minutos esses bilhetes também evaporaram. Ou seja, a banda vendeu 220 mil ingressos em pouco mais de uma hora.
Para tentar explicar para quem nunca ouviu a banda a razão de gente como Liam Gallagher do Beady Eye falar que desde que seu filho nasceu que ele não se sentia tão feliz ou de Mark Ronson que falou que a volta do quarteto de Manchester era algo ainda maior que o retorno do Led Zepellin, no mínimo por ela até poucos dias ser impensável, o Vagalume conta quem foram eles.
Resumindo, os Stone Roses deram um novo sopro de vida ao rock britânico no fim dos anos 80.
Não que eles fossem exatamente originais. O som da banda era pop, melódico e descendente direto do feito nos anos 60 e 70. A diferença é que a isso o quarteto tinha a imagem certa, uma boa dose de arrogância e também estava de olho em outra revolução comportamental: a cena da dance music eletrônica.
Com eles, e seus comtemporâneos/conterrâneos dos Happy Mondays, o fosso que separava estes dois públicos se estreitou.
Tudo isso aconteceu basicamente em 1989, quando o primeiro álbum deles foi lançado. The Stone Roses é tratado na Inglaterra quase que como um objeto sagrado. Sempre que alguma publicação de lá faz alguma lista de "melhores discos" ele sempre entra no top 10. Mais que isso, ele penetrou na cosnciência de muitas pessoas e muitas ainda lembram de como o ouviram pela primeira vez.
Não que o quarteto (Ian Brown no vocal, John Squeire na guitarra e mais o baixista Mani e o baterista Reni) tenha surgido do nada. Na verdade eles estavam juntos desde o começo da década e em 1985 lançaram seu primeiro compacto. Mas o tal "som Stone Roses" só começa a aparecer em 1987 com o single Sally Cinnamon e, mais ainda, no ano seguinte com outro grande compacto Elephant Stone.
O disco de estreia na verdade não foi um daqueles sucessos instantâneos. A bem da verdade ele foi sendo descoberto aos poucos tanto pelo público quanto pela imprensa, mas em determinado momento a coisa pegou e a escalada da banda parecia inevitável. Foram capas e mais capas de revistas e chamadas do tipo "o próximo U2". A banda embarcou na viagem e dava declarações do tipo "Queremos ser o primeiro grupo a tocar na lua" ou se recusava a abrir para "uma banda decadente" como os Rolling Stones ("eles é que deveriam abrir pra gente").
Em novembro daquele ano a cena de Manchester foi devidamente coroada quando os Roses e os Mondays apareceram na mesma edição do "Top of the Pops" - a parada de sucessos televisiva da BBC. Em maio de 1990 eles tocaram para mais de 25 mil pessoas no que ficou conhecido como o "Woodstock da geração Madchester".
Mas as glórias terminam aqui. O resto de 1990 foi marcado por um single fraco One Love e brigas com gravadoras. Primeiro eles se revoltaram que o antigo selo relançou . Para mostrar seu repúdio os quatro invadiram a sede da gravadora e vandalizaram o local. Acabaram tendo de responder pelos atos em um tribunal naturalmente.
A outra briga foi para se livrar do contrato com a pequena Silvertone qundo a Geffen acenou com uma proposta milionária. Mais uma longa disputa judicial foi travada até eles conseguirem resolver todo o problema.
Quando finalmente o segundo álbum "Second Coming" ("A Segunda Vinda", modéstia nunca foi o forte deles) saiu no finzinho de 1994, o cenário já tinha mudado. Explosão do grunge, aceitação pelas massas da dance music, o Primal Scream levando a fusão rock/dance ao seu ápice,e, principalmente toda uma nova geração de bandas que deram sequência às ideias esboçadas pela banda. Uma delas inclusive se tornou muito famosa e, dizem, acabou recebendo os louros que em tese seriam deles. Falamos do Oasis naturalmente.
Os meses seguintes foram melancólicos. O som calcado no Led Zepellin do novo álbum não foi bem aceito e não demorou muito para Squire e Reni abandonarem o barco. Brown resolveu continuar e topou encerrar o Reading Festival com músicos substitutos. O show entrou para a história como um dos mais constrangedores de todos os tempos. A verdade é que não tinha como o grupo superar as expectativas que se tinha sobre eles e a demora em lanaçr o disco só potencializou essa situação.
O fim foi inevitável. Nos anos seguintes Squire montou o Seahorses e lançou material solo, mas nunca mais conseguiu emplacar. Ian Brown cosntruiu uma carreira solo de certo relevo e Mani uniu-se ao Primal Scream e Reni saiu dos holofotes. Mas eles continuaram influenciando muita gente o que sempre manteve o nome da banda vivo.
Uma volta há muito era esperada, mas todos sempre negaram e nunca se furtaram em trocar farpas violentas pela imprensa. Até que esse ano os corações começaram a amolecer quando os quatro se reencontraram no enterro do pai de Mani. As sementes da volta nasceram ali. Agora é ver se o grupo ainda tem algo a oferecer além de um mero exercício de nostalgia e se o resto do mundo irá se sensibilizar (é razoável esperar o grupo em alguns dos nossos festivais de 2012).
Quem acompanha o noticário pop internacional, especialmente o inglês, e viu a comoção causada pela volta dos Stone Roses talvez não tenha entendido muito porque tanta celebração. Ainda mais se você tem menos de 30 anos.
Mas se por aqui e nos Estados Unidos o grupo nunca foi além de uma banda cultuada por anglófilos e indies, na Inglaterra o grupo ajudou a fazer uma pequena revolução, tanto que ainda hoje 22 anos após o lançamento de seu primeiro álbum, ela continua dando frutos.
Não a toa a mítica da banda só cresceu nesse tempo, ainda mais porque os integrantes viviam dizendo que uma volta era impossível.
Por causa disso os promotores sempre disseram que um retorno deles poderia render tanto quanto uma volta de outras "bandas dos sonhos" como os Smiths e até mesmo o Pink Floyd ou o Led Zepellin. Algo que as vendas de ingressos confirmam. Os primeiros dois shows anunciados se esgotaram em questão de minutos. Um terceiro foi então confirmado e em menos de 15 minutos esses bilhetes também evaporaram. Ou seja, a banda vendeu 220 mil ingressos em pouco mais de uma hora.
Para tentar explicar para quem nunca ouviu a banda a razão de gente como Liam Gallagher do Beady Eye falar que desde que seu filho nasceu que ele não se sentia tão feliz ou de Mark Ronson que falou que a volta do quarteto de Manchester era algo ainda maior que o retorno do Led Zepellin, no mínimo por ela até poucos dias ser impensável, o Vagalume conta quem foram eles.
Resumindo, os Stone Roses deram um novo sopro de vida ao rock britânico no fim dos anos 80.
Não que eles fossem exatamente originais. O som da banda era pop, melódico e descendente direto do feito nos anos 60 e 70. A diferença é que a isso o quarteto tinha a imagem certa, uma boa dose de arrogância e também estava de olho em outra revolução comportamental: a cena da dance music eletrônica.
Com eles, e seus comtemporâneos/conterrâneos dos Happy Mondays, o fosso que separava estes dois públicos se estreitou.
Tudo isso aconteceu basicamente em 1989, quando o primeiro álbum deles foi lançado. The Stone Roses é tratado na Inglaterra quase que como um objeto sagrado. Sempre que alguma publicação de lá faz alguma lista de "melhores discos" ele sempre entra no top 10. Mais que isso, ele penetrou na cosnciência de muitas pessoas e muitas ainda lembram de como o ouviram pela primeira vez.
Não que o quarteto (Ian Brown no vocal, John Squeire na guitarra e mais o baixista Mani e o baterista Reni) tenha surgido do nada. Na verdade eles estavam juntos desde o começo da década e em 1985 lançaram seu primeiro compacto. Mas o tal "som Stone Roses" só começa a aparecer em 1987 com o single Sally Cinnamon e, mais ainda, no ano seguinte com outro grande compacto Elephant Stone.
O disco de estreia na verdade não foi um daqueles sucessos instantâneos. A bem da verdade ele foi sendo descoberto aos poucos tanto pelo público quanto pela imprensa, mas em determinado momento a coisa pegou e a escalada da banda parecia inevitável. Foram capas e mais capas de revistas e chamadas do tipo "o próximo U2". A banda embarcou na viagem e dava declarações do tipo "Queremos ser o primeiro grupo a tocar na lua" ou se recusava a abrir para "uma banda decadente" como os Rolling Stones ("eles é que deveriam abrir pra gente").
Em novembro daquele ano a cena de Manchester foi devidamente coroada quando os Roses e os Mondays apareceram na mesma edição do "Top of the Pops" - a parada de sucessos televisiva da BBC. Em maio de 1990 eles tocaram para mais de 25 mil pessoas no que ficou conhecido como o "Woodstock da geração Madchester".
Mas as glórias terminam aqui. O resto de 1990 foi marcado por um single fraco One Love e brigas com gravadoras. Primeiro eles se revoltaram que o antigo selo relançou . Para mostrar seu repúdio os quatro invadiram a sede da gravadora e vandalizaram o local. Acabaram tendo de responder pelos atos em um tribunal naturalmente.
A outra briga foi para se livrar do contrato com a pequena Silvertone qundo a Geffen acenou com uma proposta milionária. Mais uma longa disputa judicial foi travada até eles conseguirem resolver todo o problema.
Quando finalmente o segundo álbum "Second Coming" ("A Segunda Vinda", modéstia nunca foi o forte deles) saiu no finzinho de 1994, o cenário já tinha mudado. Explosão do grunge, aceitação pelas massas da dance music, o Primal Scream levando a fusão rock/dance ao seu ápice,e, principalmente toda uma nova geração de bandas que deram sequência às ideias esboçadas pela banda. Uma delas inclusive se tornou muito famosa e, dizem, acabou recebendo os louros que em tese seriam deles. Falamos do Oasis naturalmente.
Os meses seguintes foram melancólicos. O som calcado no Led Zepellin do novo álbum não foi bem aceito e não demorou muito para Squire e Reni abandonarem o barco. Brown resolveu continuar e topou encerrar o Reading Festival com músicos substitutos. O show entrou para a história como um dos mais constrangedores de todos os tempos. A verdade é que não tinha como o grupo superar as expectativas que se tinha sobre eles e a demora em lanaçr o disco só potencializou essa situação.
O fim foi inevitável. Nos anos seguintes Squire montou o Seahorses e lançou material solo, mas nunca mais conseguiu emplacar. Ian Brown cosntruiu uma carreira solo de certo relevo e Mani uniu-se ao Primal Scream e Reni saiu dos holofotes. Mas eles continuaram influenciando muita gente o que sempre manteve o nome da banda vivo.
Uma volta há muito era esperada, mas todos sempre negaram e nunca se furtaram em trocar farpas violentas pela imprensa. Até que esse ano os corações começaram a amolecer quando os quatro se reencontraram no enterro do pai de Mani. As sementes da volta nasceram ali. Agora é ver se o grupo ainda tem algo a oferecer além de um mero exercício de nostalgia e se o resto do mundo irá se sensibilizar (é razoável esperar o grupo em alguns dos nossos festivais de 2012).