O Tropicalista
Caetano Veloso foi seguramente o o grande ideólogo da Tropicália. Ao lado de outros baianos (Gilberto Gil, Tom Zé, Gal Costa) e mais alguns agregados (os Mutantes, o maestro Rogério Duprat e até a musa da bosa-nova Nara Leão) Caetano e essa turma acabaram por modernizar a música brasileira, trazendo para o nosso cancioneiro as influências de pop e rock e da música contemporânea.
Óbvio que nem todo mundo gostou disso e as discussões entre o grupo e os defensores do tradicionalismo foram grandes. Mas hoje, quase 45 anos depois não é difícil ver quem estava com a razão.




O exílio e a volta
A década de 70 foi de grande criatividade para o compositor, ainda que nem de longe esses tenham sido tempos alegres, especialmente por conta da prisão, e subsequente exílio a que ele foi submetido entre os anos de 1969 e 1972. Os álbuns lançados nesse período de qualquer forma estão entre os melhores de sua longa carreira. Ao voltar ao país Caetano entra em fase de grande produtividade e sucesso comercial. "Um Índio" está em "Bicho" de 1977, álbum que na época dividiu fãs e críticos - que reclamaram das letras não politizadas em uma época em que isso se fazia necessário - mas que hoje encontra-se plenamente reabilitado.





O Cânone da MPB
Nos anos 80 Caetano empalca não só vários discos e sucessos nas rádios, como vê sua posição de "guru" crescer ainda mais. Sabendo circular com maestria pelos mais diversos ambientes (dos roqueiros da época ao pessoal que modernizava o som dos trios elétricos na Bahia) ele ainda consegue se manter em grande evidência. Se nem todos discos desse período estão entre seus melhores - algo que de resto afetou todos seus colegas de geração e não só no Brasil - ele ao menos se despediu da década em grande estilo, com o ótimo "O Estrangeiro" e sua antológica faixa-título, uma das melhores de toda a história da MPB.




Os Anos Incertos
Nunca a figura de Caetano Veloso foi tão debatida quanto nos anos 90. Pela primeira vez ele se viu obrigado a enfrentar uma geração de críticos que questionavam sua onipresença e o que parecia uma grande complacência de público e imprensa para com sua pessoa e obra. Há também um excesso de lançamentos de discos ao vivo ou de material não original que demonstram certo esgotamento criativo. Por outro lado é inegável que o compositor também foi certeiro em diversos momentos, em particular com a bela "Desde que o Samba é Samba" de 1993 presente em "Tropicália 2", um daqueles sambas que já nasceram clássicos.



Renascimento
O século 21 trouxe nova vida para Caetano. Aquele bode que era palpável entre críticos e músicos mais jovens para com ele aos poucos vai sumindo e ele ainda passa a ser apreciado por diversos jornalistas e músicos do rock estrangeiro (o respeito dos fãs, jornalistas e músicos de jazz e world music ele já tinha há bem mais tempo). Isso explica o rejuvenescimento do compositor que volta a lançar álbuns de estrema qualidade e relevância, especialmente no caso do "roqueiro" "" de 2006, seu melhor disco em muitos anos e que provou que ele ainda tinha muito a oferecer fosse para os fãs que o acompanham desde os anos 60 quanto para os novatos.



Assim terminamos nossa homenagem a esse que é um dos grandes monstros da música brasileira, e também mundial. Mas antes disso deixamos aqui mais um vídeo bem divertido de uma participação dele no programa dos "Trapalhões" em 1977 desejando a esse jovem baiano de 70 anos muita felicidade.