Setembro foi provavelmente o mês com o maior número de lançamento "de peso" de 2012 até aqui. Killers, Pink, Green Day, Bob Dylan e Carly Rae Jepsen foram só alguns dos artistas que colocaram seus novos trabalhos nas lojas. Mas nem só de estrelas mega foi feito o mês. Vale a pena prestar atenção no som indecifrável do Grizzly Bear e The XX, no escracho da Banda Uó e nos álbuns de nomes já veteranos da cena alternativa: as cantoras Aimee Mann, Cat Power e o retorno da banda Ben Folds Five.

Pink - The Truth About Love

Pink
Em seu sexto álbum Pink mostra que ainda tem muito poder de fogo. "The Truth About Love" chegou ao topo da parada americana - fato inédito para a cantora - vendendo mais de 280 mil cópias.

A surpresa aqui é ver a crítica se rendendo à cantora - e não falamos só de blogueiros ou revistas especializadas em pop teen, mas de críticos tarimbados de veículos como o "New York Times" ou "All Music guide" -que deu quatro estrelas e meia para o álbum.

Claro que algumas objeções foram feitas: alguns jornalistas reclamaram do uso excessivo de palavrões que parecem estar lá única e exclusivamente para chocar enquanto outros também não se entusiasmaram muito com as baladas de "auto-afirmação" que pipocam aqui e acolá. Mas no geral "The Truth Of Love" mostra que Pink é uma artista que sabe conduzir muito bem sua carreira e consegue escapar das armadilhas que costumam tirar toda a vida desse tipo de álbum.

Green Day - iUno!

Green Day
A primeira parte de uma trilogia de álbuns que serão lançados durante os próximos meses, "iUno!" é, segundo o vocalista Billie Joe Armstrong, o disco mais simples e pop do trio. Isso significa basicamente a versão mais descomplicada e divertida da banda com seu eterno débito ao som dos Ramones em suas bases simples porém eficientes e o talento nato de Billie Joe para criar melodias frescas e de impacto imediato em cima de um formato onde tudo parece já ter sido feito.

Se esse é o Green Day que mais te agrada corra para ouvir logo. Os que preferem o lado mais "conceitual" do trio terão de esperar um pouquinho mais, mas não muito.

Agora é só torcer para que Billie Joe resolva logo seus problemas com o álcool - o maior responsável pelo ataque de fúria que ele teve em pleno palco recentemente - para que a banda possa prosseguir com a sua agenda de shows e compromissos.

David Guetta - Nothing But the Beat 2.0

David Guetta
Seguindo a tendência de tratar álbuns como programas de computador que sempre podem sofrer modificações, o DJ superstar David Guetta lança essa versão turbinada de seu blockbuster "Nothing But The Beat".

Mesmo para quem já tem o álbum original a compra dele pode ser justificada não só pela meia dúzia de faixas novas - incluindo o mais recente hit das pistas She Wolf (Falling to Pieces) (feat. Sia), mas também porque todo o álbum foi reconfigurado com a mudança da ordem das faixas.

Essa nova versão então traz faixas novas e incorpora ao prato principal músicas que faziam parte do cd instrumental presente no álbum original. Essa reconfiguração então fez com que algumas músicas que faziam parte do álbum lançado no ano passado tenham sido eliminadas no cd "2.0". Ou seja, se você é fã mesmo o negócio é não só comprar essa versão nova mas manter a antiga arquivada.

Carly Rae Jepsen - Kiss

Carly Rae Jepsen
Carly Rae Jepsen Kiss
Lançar o sucessor de um hit não é fácil. Imaginem então que no seu caso o tal hit em questão não é um "sucessinho" qualquer, mas uma daquelas músicas monstro que extrapolam todas as previsões que se pode fazer. Falamos aqui de Call Me Maybe a canção que botou a canadense Carly Rae Jepsen de vez no topo.

Óbvio que dessa vez todo o cuidado foi tomado para que o sucesso até aqui conquistado não se evaporasse, como muitas vezes acontece em casos assim. O grande hit, que já estava no EP "Curiosity" lançado no começo do ano, marca presença aqui, assim como a faixa-título daquele mini-álbum também se faz presente.

De resto temos muito pop dançante com claro aceno aos anos 80 - Madonna e The Cars são influências declaradas - e a participação de Justin Bieber na simpática Beautiful e de Adam 'Owl City' Young em Good Time (feat. Carly Rae Jepsen).

Os ouvintes mais maduros provavelmente não irão se interessar muito, mas mesmo esses devem ficar de olho nela. Como deixou claro ao regravar a clássica Both Sides Now de Joni Mitchell em seu EP, Carly também tem um lado mais artístico e sensível que talvez desabroche quando todo esse furacão passar.

The Killers - Battle Born

The Killers
Para este quarto disco Brandon Flowers e cia. resolveram trabalhar com diversos produtores. Foram cinco para sermos mais exatos e a escolha deles deixa bem claro onde eles queriam chegar. Estão aqui Steve Lillywhite, que forjou o som do início do U2 e Daniel Lanois - que ao lado de Brian Eno levou a banda de Bono para a estratosfera. Também temos a presença de Brendan o' Brien reponsável por vários trabalhos do Pearl Jam e principalmente por alguns discos recentes de Bruce Springsteen. Stuart Price que deu o toque eletrônico dançante do disco anterior do grupo também assina algumas faixas aqui bem como Damian Taylor conhecido por trabalhar com artistas da ala mais experimental da música eletrônica como a islandesa Bjork.

Fica claro então que ao escolher esses nomes os Killers tinham não um, mas vários sons na cabeça assim como a ambição de juntar em um só produto todos os "Killers anteriores". Claro que num pacote destes o resultado termina um tanto desigual, mas não a ponto de tornar "Battle Born" uma coletânea de singles de diversas fases ou um disco daqueles em que tem-se a impressão de que cada música é tocada por um artista diferente.

"Battle Born" tem potencial não só para manter a base de fãs da banda como ampliá-la consideravelmente. O álbum chegou no topo da parada britânica e, mais importante, no terceiro posto da americana. Agora é só esperar 2013 para ver como todas essas músicas soarão ao vivo quando a banda encerrar uma das noite de Lollapalooza.

No Doubt - Push And Shove

No Doubt
Após vários anos de inatividade em que Gwen Stefani aproveitou para embarcar em uma bem sucedida carreira solo que ajudou a torná-la ainda mais famosa o No Doubt está de volta. O pop influenciado pelo reggae e principalmente pela releitura da música jamaicana feitas por grupos ingleses no fim dos anos 70/começo dos 80 segue como a grande inspiração da banda que demonstra um enorme vigor nesse retorno.

Não adianta também esperar muita profundidade do grupo, até porque essa nunca foi a intenção deles. O que temos aqui então é pop de alta voltagem seja na forma de músicas dançantes, pesadas e nas inevitáveis baladas. Tudo muito bem feito e produzido de forma calculada para agradar ao maior número possível de pessoas.

Quem nunca foi com a cara da banda provavelmente continuará ignorando. Já quem dançou muito ao som de álbuns como "Tragic Kingdom" com certeza irá se divertir bastante com esse álbum de volta mais do que decente.

Mumford & Sons - Babel

Mumford & Sons
Mumford & Sons Babel
Talvez o caso mais inusitado de sucesso no século 21 "Babel" chega para colocar os Mumford & Sons de vez no grupo das bandas verdadeiramente grandes. Afinal falamos aqui de um grupo que vendeu mais de 600 mil cópias nos EUA na semana de lançamento - algo inédito desde 2008 quando o AC/DC lançou seu "Black Ice".

Mais surpreendente ainda é quando esse recorde é quebrado por um quarteto que toca folk de forma tradicional, só com instrumentos acústicos. É claro que as estruturas das canções deixam clara uma inspiração da chamada "Big Music" - aquele som que popularizou o U2 com crescendo que explodem grandiosamente e funcionam em grandes estádios e arenas, mas ainda assim tudo é feito de forma sincera e com bom gosto.

"Babel" provavelmente vai vender ainda mais. Primeiro por soar diferente de tudo que se vê hoje no mainstream e segundo por ele ter potencial para se tornar um blockbuster aos moldes de "21" de Adele em sua capacidade de juntar os mais diversos tipos de público em torno dele.

Bob Dylan - Tempest

Bob Dylan
Há ainda algo a se falar sobre Bob Dylan após mais de cinquenta anos de carreira? Só esse número já mostra como a figura dele é marcante e icônica - quem mais continua lançando discos depois de tanto tempo e gerando interesse genuíno de fãs, imprensa e formadores de opinião?

Houve quem suspeitasse que ao nomear o disco como "Tempest" Dylan estaria basicamente dando adeus, afinal "A Tempestade" é o nome da última peça de Shakespeare. O músico de qualquer forma negou tais afirmações. Claro que quem nunca conseguiu entender as razões para tanta idolatria e acha a voz dele intragável vai ser difícil conseguir embarcar nesse disco. Até porque a voz dele está cada vez mais maltratada, graças à maratona de shows a que ele se dedica desde 1988.

Para os fãs e pessoas mais abertas, o disco é de uma enorme beleza. O padrão é o mesmo seguido desde "Love and Theft" de 2001, blues, jazz, country, folk se fundem em uma música que definitivamente não pertence aos dias de hoje. O melhor do álbum está no final. A faixa título é uma impressionante valsa de 15 minutos que narra o naufrágio do Titanic de forma que se altera entre o factual e o alegórico (até Leonardo Di Caprio é citado). Roll On John é a outra pepita do álbum. Uma tocante homenagem a John Lennon que pode tirar lágrimas de muito marmanjo por aí.

Nelly Furtado - The Spirit Indestructible

Nelly Furtado
Nelly Furtado talvez tenha ficado tempo demais longe do mercado americano. Esse é seu primeiro álbum em inglês após seis anos. Num cenário volátil como o da música pop isso equivale a uma eternidade. O resultado é que o disco não foi além da 79ª posição nas paradas americanas e da 46ª nas britânicas.

Claro que isso são apenas números e o que importa, ou deveria importar é se o disco é bom ou não. Infelizmente nem sempre as coisas são como deveriam ser e Furtado também não sumiu de cena durante todo esse tempo - em 2009 ela lançou um álbum em espanhol visando maior penetração no mercado latino.

Voltando a "The Spirit Indestructable", o disco nem de longe merecia a frieza com que foi recebido. O álbum tem boas composições e a produção de modo geral é das mais interessantes - o grosso do trabalho ficou nas mãos de Rodney Jerkins.

Talvez a explicação para o fraco desempenho dele nas paradas esteja no fato de que as canções mais introspectivas do álbum funcionam melhor que os momentos dançantes, e como no mundo pop os singles é que determinam o sucesso ou fracasso de um disco esse foi o resultado.

Em resumo, "The Spirit Indestructible" merece ser mais conhecido. Ele pode não ter nenhum grande hit visível, mas é suficientemente original e decente para merecer a atenção de qualquer fã de música pop.

Matchbox Twenty - North

Matchbox Twenty
Dez anos após lançar seu último trabalho e dezesseis após o mega-sucesso "Yourself or Someone Like You" e suas 12 milhões de cópias vendidas o Matchbox Twenty está de volta com "North" seu quarto álbum de estúdio. A se julgar pelo entusiasmo do público americano, a saudade era grande, já que eles colocaram o disco no primeiro lugar da Billboard.

Rob Thomas e seus companheiros fizeram aqui um disco na medida certa para os fãs da banda. O pop certinho e bem feito que sempre caracterizou o grupo segue intacto e sem maiores voos ou ambições apesar de algumas músicas mais dançantes a la Maroon 5.

Quem dançou ao som de Push na década de 90 ou anos depois com Smooth o dueto de Thomas e Santana com certeza vai gostar de poder matar as saudades da banda. Os mais novos talvez se interessem mesmo, ainda assim vale a pena arriscar.

The Script - #3

The Script
The Script #3
Esse trio irlandês já é há tempos extremamente popular em sua terra natal e conseguiu espalhar sua fama para outros pontos do planeta. A fórmula não tem muito segredo: um pop rock simples, confortável, com tinturas épicas e/ou dançantes que cai bem no gosto do ouvinte médio. Dessa vez eles ousaram ao chamar Will I Am para participar de Hall Of Fame - afinal se o Coldplay pode gravar com Jay Z por que não eles? E, justiça seja feita, a música é um caso raro onde o convidado não engole o artista principal - notem que é Will quem se adequa ao som da banda e não o contrário.

O resto do disco segue na linha baladas com piano, vocais com influência de rap e algumas faixas mais dançantes. Tudo com a produção típica das grandes estrelas do pop. Ou seja o álbum não é exatamente indicado para quem está atrás de grandes novidades, mas poderá agradar aos que não esperam que o pop seja salvo a cada dia e a quem só busca algo sem maiores complicações para ouvir no iPod.

The Vaccines - Come of Age

The Vaccines
Mais rápido que se poderia esperar os Vaccines lançaram seu segundo disco. Apesar do título, "Come of Age" não é exatamente um disco com maior maturidade. O que não é exatamente um problema, especialmente para quem curtiu o indie descompromissado mas bastante competente do primeiro álbum deles.

"Come Of Age" vai direto ao ponto. Curto e grosso - menos de 40 minutos - ele enfilera 11 canções que descem redondinhas. Sendo assim é difícil destacar músicas em paticular, já que o trabalho é bastante homogêneo - para o bem e para o mal.

De qualquer forma o disco carrega além dos bons singles e da classuda I Wish I Was a Girl muitos outros momentos acima da média que colocam a banda em uma nobre linhagem de grupos britânicos como o Jam ou mesmo os Smiths. Se o grupo tem potencial para ser tão grande e/ou influente como suas inspirações só o tempo dirá. Mas por ora basta saber que não tem muita gente fazendo indie rock de tino clássico tão bem quanto eles.

Dave Matthews Band - Away From The World

Dave Matthews Band
Após três anos longe dos estúdios a Dave Matthews Band está de volta com sua mistura de pop, rock, jazz e soul. Curiosamente o disco foi produzido por Steve Lillywhite, o homem responsável pelos primeiros álbuns do U2, com quem a banda não trabalhava desde 1998 - eles voltaram a trabalhar juntos no ano 2000, mas Matthews não gostou dos resultados e a parceria foi abortada. As sessões só viram à luz do dia anos mais tarde em forma de gravações piratas.

Agora com todos mais experiente a coisa funcionou e muito bem. Tanto que o álbum bateu no topo da Billboard. Ou seja se você é fã o disco tem tudo e um pouco mais do que você espera. Ao mesmo tempo o álbum não deverá agradar quem nunca curtiu o som dos caras (e esse é um típico caso do "ame ou odeie").

Mas com quase duas décadas de estrada e uma base de fãs sólida e numerosa Dave Matthews sabe que a essa altura do campeonato satisfazer a si mesmo e aos seus admiradores já é mais do que suficiente.

Alphabeat - Express Non-Stop

Alphabeat
O pop que vem direto da Dinamarca foi um dos destaques do mês. "Express Non-Stop" é o novo álbum do Alphabeat, que pode tanto agradar quem curte o cenário indie, quanto quem adora as últimas novidades do pop.

Para quem não conhece a banda, o Alphabeat pode lembrar artistas como Scissor Sisters e The Cardigans.

A banda foi destaque duas vezes no Hot Spot do Vagalume, com os clipes dos dois singles de "Express Non-Stop". As músicas Vacation e Love Sea mostram que a banda pode ir longe e conquistar as paradas mundiais.

Pet Shop Boys - Elysium

Pet Shop Boys
E lá se vão mais de 25 anos de carreira e os Pet Shop Boys continuam fazendo seu tecnopop repleto de melancolia e ambições artísticas que às vezes funciona e em outras nem tanto. Felizmente "Elysium" faz parte do primeiro grupo e ainda que não atinja os graus de excelência de álbuns como "Actually", "Behaviour" ou "Very" também não faz feio perto deles.

Neil Tennant continua com sua voz monótona e tristonha e atinge o auge na auto-depreciativa e pra lá de irônica Your Early Stuff ("eu ainda gosto de seu material antigo, é ruim, mas de uma maneira boa"). Mas o disco tem várias outras surpresas para quem há décadas aprendeu a amar essa dupla pra lá de única.

The XX - Coexist

The XX
Um dos álbuns mais aguardados entre os artistas britânicos neste ano, "Coexist" é o segundo disco do The Xx. Uma das revelações dos últimos anos, o grupo londrino apresenta a mesma sonoridade de sua estreia neste novo trabalho.

Apesar de não surpreender muito em "Coexist", o The Xx agradou público e crítica. A banda lançou dois singles para divulgar o novo álbum: Angels e Chained.

Nas paradas, o grupo britânico foi muito bem. Chegou ao topo da parada do Reino Unido e em quinto lugar na parada norte americana.

Ben Folds Five - The Sound Of The Life Of The Mind

Ben Folds Five
Nos anos 90 o Ben Folds Five lançou três discos impecáveis onde brilhava o talento de seu líder Ben Folds para criar tanto canções de grande carga emocional quanto músicas com um senso de humor pra lá de cínico. Isso tudo embalado por uma formação atípica de piano/baixo/bateria. O trio se desfez no ano 2000 e só não deixou os fãs mais tristes porque em sua carreira solo Folds soube manter o mesmo padrão de sua antiga banda.

Mas não dá pra negar que uma volta da banda original era algo que os órfãos do trio gostariam de ver. E agora ela finalmente aconteceu.

"The Sound Of The Life Of The Mind" soa como a continuação natural do último disco deles ("The Unauthorized Biography Of Reinhold Messner" de 1999) e deverá agradar não só os fãs de longa data como também arregimentar mais seguidores para a causa. Esse é fácil um dos grandes retornos deste ano.

Band Of Horses - Mirage Rock

Band Of Horses
Taí uma banda que só melhora a cada lançamento. O Band of Horses ganhou popularidade no Brasil depois de ter feito um dos melhores shows do Lollapalooza deste ano, tanto que rapidamente eles voltaram para mais apresentações.

Esse "Mirage Rock" mantém a tradição da banda em criar belas melodias com forte infuência de grupos americanos dos anos 60 e 70, mas conta com um detalhe a mais e nada desprezível. A produção é assinada por Glyn Jones o mítico nome por trás de álbuns clássicos de gente como Who, Rolling Stones e Led Zepellin.

Desnecessário dizer que ele pegou o que já era bom e tornou ainda melhor. Se rock de raíz melodioso é a sua onda, esse disco é uma excelente pedida.

Cat Power - Sun

Cat Power
Em seu primeiro álbum de inéditas em seis anos Chan "Cat Power" Marshall volta a mostrar porque é uma das mais interessantes artistas a surgir no cenário nos últimos vinte anos. Um pouco mais cru que os últimos discos dela, "Sun" também abraça baterias eletrônicas e sintetizadores sem o menor problema. Aliás são esses instrumentos que tornam o álbum tão diferente dos outros discos dela.

"Sun" também conseguiu alguns feitos dignos de menção. O álbum estreou no décimo lugar da parada. Além de ser a melhor posição já alcançada por Marshall essa também foi a primeira vez que um álbum do fundamental selo Matador ficou no top 10 americano.

Para ser ouvido com calma e prestando atenção nos detalhes e nas letras, "Sun" provavelmente vai marcar presença em inúmeras listas de melhores do ano. Merecidamente.

Aimee Mann - Charmer

Aimee Mann
Aimee Mann já tem mais de 25 anos de bons serviços prestados à música pop. Primeiro como vocalista do simpático, mesmo que um tanto descartável, Til Tuesday e depois em sua carreira solo.

Esse "Charmer" talvez não seja o mais indicado para quem nunca ouviu nada dela - nesse caso "Bachelor N°2" ou a trilha sonora de "Magnolia" são os mais recomendados. Já para os fãs de mais tempo o álbum não decepciona em nenhum momento, mesmo que ele se pareça por demais com seus trabalhos anteriores. Ainda assim a cantora continua como uma das mais interessantes e íntegras do pop contemporâneo e ainda consegue fazer um álbum com boas melodias, arranjos enchutos e letras que fogem da mesmice.

Grizzly Bear - Shields

Grizzly Bear
Talvez você ainda não conheça o Grizzly Bear. Normal, já que a banda de Edward Droste, que pode ser descrita como uma espécie de Radiohead americano, só agora começa a aparecer mais no mainstream após alguns anos de fama no rock indie e entre os críticos.

Esse "Shields" chega às lojas três anos depois de "Veckatimest" o álbum que os tornou mais conhecidos. Um pouco mais pop que o trabalho anterior ele ainda assim não é um daqueles discos que descem redondo. Ou seja é preciso ouvi-lo com calma, prestando atenção nos detalhes que vão se desdobrando a cada audição para que assim se consiga apreciar os arranjos inteligentes e melodias nada óbvias que a banda propõe.

Banda Uó - Motel

Banda Uó
Uma banda de tecno-brega de Goiânia formada por gente que há não muito tempo fazia indie folk? Não à toa a Banda Uó divide opiniões. Para uns tudo não passa de brincadeira de péssimo gosto enquanto outros enxergam no trio uma tentativa mais do que válida de se criar uma nova cara para a nossa música pop.

A verdade é que se escutado com o devido bom humor e no espírito galhofeiro "Motel" é um disco deveras divertido. As letras são inteligentes e engraçadas, as bases bem feitas e o trio ainda mostra capacidade para criar melodias que muito artista com mais tarimba por aí anda com dificuldade para fazer.

Para resumir, esse não é um disco feito para ser levado a sério ou para ser dissecado por textos antropológicos. É só para ser ouvido com espírito aberto e o senso de humor ligado no nível máximo.

Animal Collective - Centipede Hz

Animal Collective
Os americanos do Animal Collective são uma banda com a clara preocupação de levar o rock para lugares ainda não explorados. Isso é algo por si só louvável nos dias de hoje onde a originalidade não anda brotando em árvores. Obviamente ao se propor a fazer isso o grupo acaba fatalmente esbarrando em experimentalismos que nem sempre funcionam ou em sonoridades que soam por demais estranhas aos ouvidos acostumados com o pop e rock tradicionais. Para deixar a coisa ainda mais complicada, o grupo adora mudar sua configuração - aqui eles voltaram a ser um quarteto - e estilo.

"Centipede Hz" foi considerado um álbum menos pop que "Merriweather Post Pavillion", o disco anterior que tornou a banda queridinha da crítica e dos indies e que já nao era lá muito fácil de se ouvir.

Está claro então que esse álbum não é pra todo mundo. Mas tem como não ficar ao menos curioso para ouvir um disco influenciado por Pink Floyd, Portishead, Milton Nascimento e até Zé Ramalho?

O disco está saindo por aqui pelo selo Vigilante, que aproveitou para colocar nas lojas também outros dois discos do grupo, incluindo o já citado "Merriweather Post Pavillion".